Raquel tenta aliança com o MDB para neutralizar João Campos, em uma disputa acirrada por apoio partidário no estado.
por Ana Luiza Melo
Publicado em 25/04/2025, às 15h00 - Atualizado às 16h03
A governadora Raquel Lyra, agora no PSD, está jogando estrategicamente para fortalecer sua base política e garantir apoio para as eleições de 2026. Ao apoiar movimentações como a entrada de Kelly Tavares na Câmara de Paulista, ela reforça uma possível aliança com o MDB, na tentativa de neutralizar o adversário prefeito do Recife, João Campos, que está em uma disputa acirrada por apoio partidário no estado.
João Campos mantém uma aliança política com o MDB consolidada há anos, firmada durante as eleições municipais de 2012, quando o PSB e o MDB se uniram para formar a Frente Popular do Recife.
Apesar das tensões internas no MDB, Campos expressou confiança de que essa aliança continuará firme, especialmente em futuras disputas eleitorais.
"O MDB é um grande partido brasileiro, no qual eu tenho enorme respeito. Acredito que todo partido tem uma dinâmica interna particular, mas confio que essa aliança entre PSB e MDB seguirá. Vi essa aliança ser firmada por Jarbas (Vasconcelos) e por Eduardo (Campos) e consolidada nas eleições de 2012, 2014 e têm sido assim até hoje", falou o prefeito João Campos, no dia 5 deste mês.
A eleição para o diretório estadual está próxima, marcada para 24 de maio. Caso Jarbas Vasconcelos Filho vença Raul Henry, existe a possibilidade de Lyra conquistar o apoio do partido.
O PSDB, antiga sigla de Lyra, tem se aproximado de Campos desde que a governadora migrou para o PSD, o que provocou uma debandada de antigos aliados.
O prefeito tem explorado sua relação próxima com o presidente da Assembleia Legislativa, o tucano Álvaro Porto, que não é mais aliado de Lyra e atualmente comanda o PSDB no estado.
A maior disputa, no entanto, ocorre na Alepe, em torno do Partido dos Trabalhadores (PT). A sigla está dividida: a ala municipal apoia João Campos e ocupa duas secretarias na prefeitura, enquanto os deputados estaduais petistas se alinham ao governo de Raquel Lyra e, recentemente, migraram para o bloco governista na Assembleia Legislativa.
Oficialmente candidato à presidência do MDB, conforme o Blog do Jamildo noticiou na última quarta (23), Jarbas Filho segue com movimentações, aliado ao senador Fernando Dueire, para tentar assumir o controle da sigla, atualmente sob a liderança do ex-deputado Raul Henry.
A disputa teve mais um capítulo recentemente com a posse da suplente Kelly Tavares (MDB) na Câmara de Vereadores de Paulista, no último dia 16 de abril, com a presença de Jarbas e de Dueire.
Kelly era primeira suplente do vereador Vinícius Campos (MDB) e antes de assumir, estava nomeada como assessora especial na Prefeitura do Recife, na secretaria de Relações Institucionais, comandada por Raul Henry. Ao ser convidado pelo prefeito do município, Ramos Santana (PSDB), para assumir a Secretaria de Habitação de Paulista, Vinicius Campos abriu espaço para a aliada.
Na posse, o presidente da Câmara, Eudes Farias (MDB), destacou a parceria entre o Governo do Estado e o prefeito Ramos, afirmando que o momento marca uma nova fase para o município. “A população pode dizer que a Câmara marcou um gol de placa e que o MDB está fortalecido ao lado do senador Dueire, de Jarbinhas e da governadora Raquel Lyra”, discursou.
O ex-prefeito de Paulista, Yves Ribeiro (PT), com último mandado entre 2020 e 2024, à epoca, era do MDB, Sabe-se que ele tinha a maior consideração por Raul Henry. Em conversa reservada com o site Jamildo.com, uma fonte da base aliada do MDB confirma que Yves continua apoiando Henry e torcendo por sua recondução ao cargo de presidente do partido. De acordo com esta mesma fonte, entre os aliados do partido, a jogada de Raquel Lyra em Paulista está sendo considerada surpreendente.
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