A Câmara do Recife marcou uma reunião pública para debater o fim da pista de bicicross do Parque da Jaqueira após concessão para iniciativa privada
por Cynara Maíra
Publicado em 19/03/2025, às 12h28 - Atualizado às 14h42
Após requerimento da vereadora Jô Cavalcanti (PSOL), a Câmara Municipal do Recife marcou para o dia 1º de abril uma reunião pública sobre a importância da pista de bicicross do Parque da Jaqueira, localizado na Zona Norte da cidade.
O caso ocorre depois da repercussão sobre a retirada da pista de bicicross para construir um restaurante. A mudança faz parte do projeto da Viva Parques, o consórcio que gerenciará o Parque da Jaqueira e outros três parques do Recife após concessão privada.
O novo modelo que suspende o uso da pista começou a valer no dia 10 de março.
A autora da solicitação criticou a retirada da pista ao afirmar que é “um equipamento que contribui para a formação de atletas e mesmo assim será destruída para dar lugar a um restaurante. Na região do parque tem vários restaurantes e mesmo assim a pista vai ser substituída para dar lucro a uma empresa privada”.
Normalmente de espectros distintos, o vereador Eduardo Moura (Novo) se juntou a Jô tecendo críticas ao projeto de concessão do espaço e criticou a retirada da pista. O político apontou a realização de um projeto social de incentivo ao esporte que ocorre há 40 anos na área.
"Ela [a pista de bicicross] era aberta ao público. Vão criar restaurantes. Derrubar a pista e fazer restaurantes. Vão ser gratuitos? Vão ser abertos às pessoas? Vão ser restaurantes-escolas, como tem no Senac, por exemplo?", questionou o vereador.
Além de Eduardo Moura, outros políticos de direita também criticaram a questão dos parques, como Felipe Alecrim (Novo) e Alef Collins (PP).
Apesar das críticas de ambos os espectros políticos, a vereadora Liana Cirne (PT) citou que apenas o PT e o PSOL se opuseram à pauta sobre a privatização dos parques. “Agora, a direita e a extrema direita fazem crítica à privatização, mas foi favorável à privatização anteriormente. Portanto, somente o PT e o PSOL têm competência para questionar a privatização”, citou Liana.
A vereadora Kari Santos (PT) também usou o espaço da Câmara para se manifestar contra a privatização de qualquer parque municipal do Recife e pediu destaque para função social da pista no espaço.
Vencedora do leilão público de concessão dos quatro parques, a empresa Viva do Brasil, iniciou oficialmente sua operação no Recife no dia 10 de março com a promessa de promover uma requalificação nos espaços públicos.
Segundo o grupo, as primeiras ações incluem melhorias estruturais, como pintura e manutenção, além da implementação de um sistema de videomonitoramento e segurança permanente.
No campo cultural, a empresa prevê programações regulares nos parques, com espetáculos nacionais no Teatro Luiz Mendonça, no Dona Lindu, e a criação de um cinema ao ar livre em Apipucos, exibindo filmes do circuito comercial.
No Parque Santana, a Viva do Brasil pretende desenvolver um centro de formação esportiva e fomentar eventos voltados para área. Outra proposta envolve a criação de passeios de barco pelo Rio Capibaribe, interligando os parques Jaqueira, Santana e Apipucos.