PT ainda não decidiu posição na disputa Raquel Lyra vs João Campos, diz Carlos Veras

Carlos Veras admite que partido tem grupos com posições opostas sobre disputa entre Raquel Lyra e João Campos e indica que PT ainda decidirá lado

Cynara Maíra

por Cynara Maíra

Publicado em 11/07/2025, às 07h12 - Atualizado às 07h53

Carlos Veras mantém certa neutralidade em situação e propõe discussão democrática dentro do partido
Carlos Veras mantém certa neutralidade em situação e propõe discussão democrática dentro do partido

Recém-eleito presidente estadual do PT em Pernambuco, o deputado federal Carlos Veras afirmou que o partido ainda não definiu qual caminho seguirá na disputa entre a governadora Raquel Lyra (PSD) e o prefeito do Recife, João Campos (PSB), nas eleições de 2026.

Em entrevistas recentes, Veras adotou um tom conciliador e destacou que sua prioridade será manter o partido unificado em torno da reeleição do presidente Lula (PT). No PodJá- O Podcast do Jamildo, Veras também defendeu essa tese: 

Segundo ele para o programa Frente a Frente do jornalista Magno Martins, há correntes internas que defendem posições distintas.

Parte da base petista em Pernambuco já sinalizou apoio a João Campos, com quem o partido mantém aliança desde 2020. É o caso do presidente eleito do PT do Recife, o vereador Osmar Ricardo.

Outra ala considera a possibilidade de aproximação com Raquel Lyra, especialmente após gestos da governadora em direção ao campo progressista e a presença de quadros próximos ao PT em sua base legislativa.

Não podemos entrar na polarização entre um e outro. O PT tem que estar forte para discutir e sentar à mesa”, afirmou Veras, ao prometer que a decisão será tomada de forma coletiva, ouvindo as lideranças municipais, a direção nacional e o próprio presidente Lula.

Palanque duplo e acenos ao centro

Nos bastidores, uma parcela da legenda defende a tese de um palanque duplo, modelo utilizado por Lula em 2006, quando o então presidente dividiu seu apoio entre Humberto Costa e Eduardo Campos.

A estratégia permitiria ao PT manter influência nas duas candidaturas e evitar um racha interno em Pernambuco, estado onde Lula teve cerca de 70% dos votos em 2022.

Veras não descartou diretamente essa possibilidade. Ao ser questionado se Raquel Lyra poderia ser acolhida no projeto do PT caso “fizesse o L”, ele respondeu: “Claro”.

O deputado destacou que qualquer candidatura que defenda publicamente Lula será considerada. “O maior governador da história de Pernambuco é Luiz Inácio Lula da Silva. O maior prefeito da história de Pernambuco é Lula”, declarou, em tom simbólico.

A hipótese de neutralidade é bem-vista por setores do PSD, partido de Raquel, que abriga também o ministro da Pesca, André de Paula, aliado de Lula. Do outro lado, o PSB cobra definição: João Campos já lançou sinais claros de que espera exclusividade no apoio do presidente, especialmente após assumir a presidência nacional da legenda.

Divisões internas e o papel de Lula

Na capital, o PT elegeu o vereador Osmar Ricardo para comandar o diretório municipal. Ele foi visto durante a campanha de 2024 com bandeira do PSB nos ombros, reforçando a defesa do apoio à reeleição de João Campos. Osmar é aliado da senadora Teresa Leitão (PT), que também defende a continuidade da aliança com o prefeito.

Já o senador Humberto Costa (PT), cotado para disputar uma vaga ao Senado em 2026, defende que o apoio estadual do PT deve estar atrelado ao projeto nacional de reeleição de Lula e à manutenção do protagonismo petista na chapa.

O cenário ainda é de indefinição.

No PSB, João Campos trabalha para ampliar a base aliada e acomodar aliados como o Republicanos e o União Brasil. Entre os nomes cotados para compor sua chapa estão Silvio Costa Filho (Republicanos) e Miguel Coelho (União Brasil). Raquel, por sua vez, se fortaleceu ao conseguir chegar em 70 prefeitos no PSD e mantém a vantagem de seguir no cargo durante o processo eleitoral, sem necessidade de renúncia.

Enquanto o PT adia a escolha, Lula continua sendo cortejado pelos dois lados.