Governo Lula vence disputa nas redes em crise do IOF, aponta Quaest

Levantamento aponta que, durante a crise do IOF, o governo Lula teve desempenho superior ao Congresso nas redes sociais, com maior engajamento positivo

Plantão Jamildo.com

por Plantão Jamildo.com

Publicado em 05/07/2025, às 11h34

Hugo Motta, Lula e Davi Alcolumbre - Ricardo Stuckert/PR
Hugo Motta, Lula e Davi Alcolumbre - Ricardo Stuckert/PR

Monitoramento realizado pelo instituto Quaest indica que 61% das menções ao Congresso Nacional nas redes sociais foram negativas durante o recente embate com o governo federal, envolvendo a tentativa do Executivo de elevar a alíquota do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). A pesquisa abrange postagens feitas entre 24 de junho e 4 de julho, nas plataformas X (antigo Twitter), Instagram, Facebook, YouTube e em sites de notícias.

Segundo o levantamento, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi menos impactado na crise: 11% das menções a Lula tiveram tom negativo, enquanto 45% foram positivas e 24% neutras. A Quaest avalia que, diferentemente de outras crises, “Lula não é o foco central do desgaste atual” e que o resultado “representa uma vitória do governo nas redes”. Essa é a primeira vitória do governo Lula nas redes diante da oposição no Congresso.

No total, foram analisadas 4,4 milhões de postagens sobre o conflito entre Executivo e Legislativo, alcançando uma média de 32 milhões de contas por hora. O pico de repercussão ocorreu após a votação que rejeitou o aumento do IOF, em 25 de junho, quando surgiram mais de 300 mil postagens com a hashtag #InimigosDoPovo. A expressão foi usada em 18% das menções sobre o tema, seguida por “Congresso da mamata” (13%). O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), apareceu em 8% das citações.

De acordo com o relatório da Quaest, a personalização das críticas indica uma tendência de associar decisões impopulares a figuras políticas específicas. “O foco no presidente da Câmara reflete a personalização das críticas ao Congresso”, aponta o documento.

O episódio gerou, em média, 18 mil menções por hora — mais do que em outros casos recentes como o escândalo de fraudes no INSS (15 mil menções/hora), a abertura de inquérito sobre tentativa de golpe em 2022 (10 mil) e o próprio anúncio de aumento do IOF (595 menções/hora).

A pesquisa também analisou o comportamento digital de parlamentares. Desta vez, congressistas governistas foram mais ativos do que em crises anteriores. Entre os dias analisados, 119 parlamentares da base aliada publicaram 741 vezes sobre o tema, enquanto 112 oposicionistas fizeram 378 postagens. Parlamentares de centro somaram 218 postagens, feitas por 79 nomes.

O relatório destaca que parlamentares aliados ao governo foram responsáveis por quase metade das postagens sobre o tema, o que, segundo a Quaest, “indica mobilização ativa da base governista para tensionar a relação com o Legislativo, usando o tema como instrumento de confronto político contra a oposição e retórica de responsabilização institucional”.

Mesmo com maior volume de publicações governistas, o engajamento ficou equilibrado: situação e oposição empataram em 1 milhão de curtidas cada. Nos comentários, a oposição teve leve vantagem, com 159 mil interações, contra 154 mil da base aliada.

A Quaest conclui que, nesta crise, a oposição perdeu espaço em relação a episódios anteriores. Durante a crise do INSS, por exemplo, ela respondeu por 51% das publicações; agora, foi responsável por 31,5%. Já a base governista aumentou sua participação e procurou mobilizar suas redes para manter a pressão sobre o Congresso.