Derrubada do decreto do IOF, pelos deputados e senadores, mostra que Lula começa a enfrentar pressão política maior pelas eleições de 2026
José de Araújo Pereira Filho | Publicado em 30/06/2025, às 09h40
Por José de Araújo Pereira Filho, em artigo para o site Jamildo.com
A decisão do Congresso Nacional de rejeitar o decreto presidencial que modificava as alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) teve repercussões extremamente negativas para a imagem dos parlamentares brasileiros. A medida, que poderia gerar receita adicional ao Estado, foi derrubada sob argumentos frágeis e, em muitos casos, sem justificativa técnica ou social.
Ficou evidente que muitos deputados e senadores estão mais alinhados com interesses privados — notadamente os da elite financeira nacional — do que com o bem-estar da população. Em vez de priorizar a coletividade, optam por preservar privilégios.
Alguns parlamentares chegaram a afirmar publicamente, pelas redes sociais, que o aumento da alíquota do IOF teria como objetivo custear viagens internacionais do Presidente da República — uma narrativa que beira o absurdo. Pior: muitos celebraram o resultado da votação com risadas e escárnio, atitude que pode ser interpretada de duas formas igualmente preocupantes:
a) Ignoravam o conteúdo e o impacto do que estavam votando; b) Agiram conscientemente com o intuito de sabotar políticas públicas voltadas à correção de desigualdades.
Ambas as possibilidades revelam um preocupante grau de irresponsabilidade legislativa.
No mesmo contexto, é possível identificar uma parcela da elite nacional — beneficiada por isenções fiscais e alíquotas reduzidas — que se vê representada nesse comportamento. Alguns setores parecem nutrir uma nostalgia dos tempos de exploração extrema e desigualdade estrutural. Exibem-se com arrogância nas redes sociais, zombam da pobreza e disseminam preconceitos sem receio de represálias, pois contam com a conivência de parte considerável do Congresso.
Esses comportamentos geram indignação e deveriam excluir seus protagonistas da vida política e social. A rejeição ao decreto afeta diretamente áreas essenciais como saúde e educação públicas, já que os recursos que seriam arrecadados com o novo IOF deixaram de ser garantidos.
A medida enfraquece ainda mais políticas públicas que buscam promover inclusão e justiça social. Muitos empresários do setor privado, com forte lobby no parlamento, estão entre os maiores interessados na fragilização dos serviços públicos — o que pode abrir caminho para privatizações e concentração ainda maior de renda.
Há um incômodo latente entre setores privilegiados da sociedade diante de qualquer tentativa de mitigar a pobreza. Por puro egoísmo ou medo de perder espaço, resistem a avanços sociais. Agem como uma elite aristocrática do século XVIII, buscando humilhar os mais vulneráveis em vez de contribuir para o progresso coletivo. Como diz o livro de Provérbios, "quem oprime o pobre insulta a quem o criou" (Pv. 14:31).
Outro trecho bíblico — “para que não suceda que, estando eu farto, te negue e diga: quem é o Senhor?” (Pv. 30:9) — serve de alerta àqueles que, em sua abundância, se esquecem da responsabilidade social.
Não é exagero afirmar que o atual Congresso representa uma das piores composições políticas da história recente do país. Escândalos envolvendo as chamadas “emendas secretas” reforçam a percepção de que temos um parlamento desconectado da realidade da população.
Apesar de tudo, permanece a esperança de renovação. "Em tudo somos atribulados, porém não angustiados; perplexos, porém não desanimados; perseguidos, porém não desamparados; abatidos, porém não destruídos" (2Co. 4:8,9).
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