Levantamento Quaest com 203 deputados federais mostra queda na aprovação do governo e aposta crescente na vitória da oposição nas eleições 2026
por Plantão Jamildo.com
Publicado em 02/07/2025, às 11h19
A nova rodada da pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta quarta-feira (2), bota pingo nos Is o mal-estar do Palácio do Planalto em relação Congresso Nacional, evidenciado com a derrubada dos parlamentares sobre o decreto do IOF.
Pela primeira vez, a maioria dos deputados federais ouvidos (51%) considera ruim a relação entre o Executivo e o Legislativo. A piora é impulsionada por parlamentares de centro e independentes, grupos que se distanciaram ainda mais do governo em comparação com rodadas anteriores do estudo. O levantamento foi feito com a amostra representativa de 203 deputados. A margem de erro é de 4,5 pontos percentuais.
Para 57% dos deputados, as chances de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conseguir aprovar sua agenda no segundo semestre são baixas, incluindo o aumento na faixa do isenção do Imposto de Renda para R$ 5 mil, onde o deputado Eduardo da Fonte (PP) disse no PodJá que a previsão de votação seria em agosto. Esse cenário é uma inversão do observado em maio de 2023, quando havia empate entre os que avaliavam como altas ou baixas essas chances.
A avaliação negativa do governo também cresceu: passou de 42% para 46%. A positiva caiu de 32% para 27%, enquanto 24% consideram o governo regular. A insatisfação é ainda maior quando se trata da política econômica: 64% dizem que o país está no rumo errado, ante 55% na edição anterior. “Dobrou a avaliação negativa entre os deputados independentes. O mau humor vem se consolidando nesse grupo”, analisou Felipe Nunes, CEO da Quaest, em publicação no X (antigo Twitter).
A pesquisa mostra que a percepção de que o governo tem falhado na articulação com o Congresso está disseminada. Para 45% dos deputados, a principal razão para a escassez de votações relevantes neste ano é a falta de articulação política. O impasse sobre a anistia soma 33% e a não liberação de emendas, com 15%, aparecem em seguida.
Apesar disso, 84% dos deputados afirmam ter sido recebidos por ministros — um crescimento de sete pontos percentuais em relação a 2024. Mas o atendimento efetivo é outra questão: apenas 43% afirmam que seus pleitos foram atendidos. A interlocutora mais citada espontaneamente foi a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (12%), ela chegou ao governo em março deste ano, durante a reforma ministerial. “Ser recebido não significa ser atendido”, escreveu Felipe Nunes, apontando que a frustração entre os independentes tem aumentado.
Mesmo parlamentares da base demonstraram desapontamento: 65% dos governistas acreditam que a última reforma ministerial não foi efetiva para melhorar a governabilidade. Essa visão é compartilhada por 80% dos independentes e 90% da oposição.
A nova rodada da pesquisa Genial/Quaest ainda mostra que a Câmara dos Deputados deve impor barreira à PEC que prevê o fim da jornada 6x1. Segundo o levantamento, 70% dos parlamentares são contrários à proposta, apresentada pela deputada Erika Hilton (PSOL-SP), que propõe a adoção de uma jornada máxima de 36 horas semanais, distribuídas em quatro dias. O texto está entre os mais rejeitados da atual legislatura.
A resistência é especialmente forte entre deputados da oposição, onde a taxa de rejeição chega a 92%. O percentual também é alto entre independentes (74%) e ultrapassa a maioria entre governistas (55%). O apoio à medida é minoritário em todos os grupos — com 44% de aprovação entre aliados do governo, 23% entre independentes e apenas 6% na oposição.
A sondagem também abordou o cenário eleitoral de 2026. Embora 68% dos deputados acreditem que Lula será candidato à reeleição, 50% avaliam que a vitória será da oposição — uma diferença de 15 pontos em relação ao grupo que aposta na continuidade do governo. Em 2023, na primeira rodada de pesquisas, havia empate.
A mudança de percepção foi especialmente expressiva, novamente, entre os deputados de centro. Na edição anterior, 41% deles apostavam em um candidato governista; agora, esse número caiu para 33%, enquanto 51% acreditam que a oposição vencerá.
Entre os possíveis candidatos oposicionistas, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), lidera com folga. Ele foi citado por 49% dos entrevistados como principal nome da oposição para 2026 — crescimento de 10 pontos percentuais em um ano. Sua presença é reconhecida até mesmo por deputados de esquerda.
A pesquisa também indica que 51% dos parlamentares acreditam que o ex-presidente Jair Bolsonaro deveria abrir mão da candidatura e apoiar outro nome.
Outro destaque do levantamento é a percepção negativa em relação ao Supremo Tribunal Federal (STF). A desaprovação subiu de 40% para 48%, enquanto a aprovação caiu de 34% para 27%. Para 49% dos deputados, o STF invade as competências do Congresso "sempre" e, para 28%, isso ocorre “às vezes”.
Apesar da crítica generalizada, a maioria dos parlamentares ainda não acredita que haverá impeachment de ministros do STF nos próximos anos.
Já na análise sobre os principais problemas do país, a violência aparece em segundo lugar, com 23% das citações — um salto considerável em relação aos 7% registrados em 2023. A economia segue como a maior preocupação, mencionada por 31%.
Leia também