Pesquisa da Genial/Quaest mostra manutenção de avaliação negativa do governo Lula com o mercado, mas tem leve melhora comparado ao final de 2024
por Cynara Maíra
Publicado em 19/03/2025, às 07h16 - Atualizado às 07h36
Nesta quarta-feira (19), o Instituto Quaest, em parceria com a Genial Investimentos, divulgou uma pesquisa com agentes do mercado financeiro.
O levantamento questionou o grupo sobre a avaliação que faziam sobre a gestão do presidente Lula (PT), do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo.
A pesquisa demonstrou que a maioria dos agentes do mercado financeiro segue desaprovando a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e considera que Haddad perdeu força dentro do governo. Apenas o indicado de Lula para presidência do Banco Central tem avaliação positiva.
A gestão de Lula tem desaprovação de 88% entre os entrevistados, enquanto 8% avaliam o governo como regular e 4% consideram a gestão positiva.
Apesar da rejeição ainda elevada, houve uma leve melhora na percepção em relação a dezembro de 2024, quando 90% reprovavam o governo.
Entre os fatores apontados como mais relevantes para a queda de popularidade do presidente, estão:
Alta dos preços dos alimentos (64%)
Equívocos na política econômica (56%)
Aumento de impostos (41%)
Violência urbana e insegurança (36%)
Os temas considerados menos relevantes para a queda de popularidade incluem enfrentamento ao agronegócio (79%), não cumprir promessas de campanha (60%) e erros de comunicação (56%).
A pesquisa também abordou a visão do mercado sobre o próximo ciclo eleitoral. Para 60% dos agentes financeiros, Lula será candidato à reeleição (em dezembro, eram 70%). Já 29% consideram que ele não disputará um novo mandato.
Apesar da expectativa de candidatura, 66% avaliam que Lula não é favorito para vencer a disputa, enquanto 27% enxergam o petista como principal nome para 2026. Outros 7% não souberam responder.
A pesquisa também indicou uma mudança no humor do mercado em relação ao ministro da Fazenda. Em dezembro de 2024, Haddad tinha 41% de avaliação positiva.
No levantamento atual, esse percentual caiu 30 pontos percentuais, indo para 10%, enquanto a desaprovação subiu de 24% para 58%. Outros 32% consideram o desempenho regular.
Sobre sua influência dentro do governo, 85% avaliam que Haddad perdeu força (em dezembro, eram 61%). Apenas 1% considera que ele ganhou espaço na gestão Lula.
A pesquisa também questionou os agentes financeiros sobre a atuação de Gabriel Galípolo no comando do Banco Central, cargo assumido em outubro de 2024.
A avaliação é positiva para 45% dos entrevistados, enquanto 41% consideram regular e 8% negativa. Outros 6% disseram não saber opinar.
Ainda em relação ao comando do BC, 49% afirmaram que a gestão de Galípolo é semelhante à do antecessor, Roberto Campos Neto. Outros 20% consideram que tem sido melhor, enquanto 3% avaliam que piorou. Já 28% preferiram aguardar mais tempo para emitir uma opinião.
O levantamento mediu as expectativas do mercado sobre a economia brasileira nos próximos meses. Para 93%, a política econômica do governo segue na direção errada (eram 96% em dezembro, oscilando em três pontos). Apenas 7% avaliam que o caminho está correto.
Questionados sobre o principal responsável pela atual direção da economia, os agentes financeiros apontaram:
Lula: 92%
Fernando Haddad: 5%
Congresso Nacional: 2%
Banco Central: 1%
Em relação às perspectivas para os próximos 12 meses:
83% acreditam que a economia vai piorar
13% que permanecerá igual
4% que melhorará
Sobre uma possível recessão, 58% consideram que o Brasil corre risco, enquanto 42% descartam essa possibilidade.
A maioria também espera uma alta na inflação. Segundo 82% dos entrevistados, o índice encerrará o ano acima do registrado em 2024. Outros 16% acreditam que se manterá no mesmo patamar, enquanto 2% projetam queda.
No que diz respeito à taxa de juros, 87% esperam que o Comitê de Política Monetária (Copom) aumente a Selic em um ponto percentual na próxima reunião. Apenas 2% apostam na manutenção dos atuais 13,25%.
O estudo ouviu 106 fundos de investimentos sediados em São Paulo e no Rio de Janeiro entre os dias 12 e 17 de março. Entre os entrevistados estão gestores, economistas, analistas e tomadores de decisão do setor financeiro. A margem de erro é de 3,4 pontos percentuais.