Ricardo Capelli diz que juros altos do Banco Central prejudicam industria nacional

Ricardo Capelli disse no Ceará que a nova política nacional não era apenas concessão de crédito

Jamildo Melo

por Jamildo Melo

Publicado em 20/07/2024, às 10h50

Ricardo Capelli defendeu nova política industrial em evento do BNB em Fortaleza - Metrópolis
Ricardo Capelli defendeu nova política industrial em evento do BNB em Fortaleza - Metrópolis

Fortaleza - O presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento da Indústria (ABDI), Ricardo Capelli, aproveitou o evento de 72 anos do Banco do Nordeste (BNB) para criticar a política de juros altos do Banco Central (BC).

"A questão dos juros é estratégica para a indústria. Na semana passada, estive com um grande empresário que me revelou que estava orientando cancelar a instalação de uma nova planta industrial e iria colocar tudo em renda fixa, que dá 12% ao ano. Nada me dá isto investindo na produção, me disse", revelou Capelli.

"O presidente Lula tem corretamente registrado que temos a segunda maior taxa de juros do planeta. Não há nada que justifique a taxa de juros atual, dinheiro gerando dinheiro. Temos que ter uma política que favoreça o dinheiro gerando emprego".

No evento, Capelli defendeu o aumento da taxa de importação para carros elétricos e citou uma operação realizada por Suape.

"Por estes dias, vimos a BYD realizar uma mega operação de importação de carros para o Nordeste, depois que aumentamos a tarifa de importação, que sobe agora em agosto. A indústria internacional tem que produzir aqui seus carros elétricos. Temos que estimular que elas produzam aqui no Nordeste e não sermos apenas exportadores de commodities", defendeu, incluindo na cesta a produção de hidrogênio verde.

"Os grandes grupos internacionais estão pressionados pela descarbonização da economia global e o Nordeste é uma alternativa para esta nova realidade"

Na defesa da nova política industrial do Brasil, o presidente da ABDI defendeu a articulação entre as agências de fomento, como BNB, BNDES e Petrobras.

"Sou de um tempo em que se construiu no Brasil a ponte Rio-Niterói, com engenharia nacional. Hoje, temos que recorrer a engenharia chinesa para fazer pontes? E ainda dizem que essa nova velha política deu errado no passado. Na verdade, o nosso plano de reindustrialização é tímido, se se considerar o que o mundo está fazendo. Os Estados Unidos por exemplo estão fazendo a mesma coisa, investindo como nunca em sua infraestrutura".

Dando exemplos de que a nova política nacional não era apenas concessão de crédito, Ricardo Capelli citou como exemplos iniciativas da ABDI em parceria com os Correios e com o Ibama.

"Vocês sabiam que existem R$ 350 bilhões da Vale travados em 77 licenças ambientais? São 21 mil processos na fila, esperando, em um verdadeiro gargalo regulatório que destroem investimentos privados. Temos 73 sistemas no Ibama e nenhum deles conversa com o outro. Além disto, tínhamos 6 mil funcionários e o governo passado deixou o órgão com 2 mil funcionários", revelou.

No caso dos Correios, Capelli contou que a ABDI, como agência de inteligência e articulação, vai dar ajuda para que a empresa estatal contrate uma consultoria que ajude a modernizar a área de entrega, com inteligência artificial. "Hoje, eles ainda usam tabela de Excell", comparou.

@blogdojamildo Ricardo Cappelli, presidente da ABDI, antecipa ao Jamildo.com que irá lançar livro sobre sua atuação como interventor federal durante os ataques às sedes dos três poderes em 8 de janeiro de 2023. 📲 Leia na Íntegra em Jamildo.com (link na bio) Jornalismo sério, informação precisa. #jamildomelo#notícia#blogdojamildo♬ som original - blogdojamildo
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