Audiência no Senado termina em embate direto entre Wolney e Sergio Moro sobre falhas na fiscalização e resposta do governo às fraudes no INSS
por Plantão Jamildo.com
Publicado em 17/05/2025, às 09h13
Em meio ao escândalo bilionário envolvendo descontos indevidos aplicados sobre benefícios do INSS, o ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz (PDT), participou na quinta-feira (15) de uma tensa audiência no Senado Federal.
Convidado a prestar esclarecimentos à Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor, Wolney foi confrontado duramente por parlamentares — especialmente pelo senador Sergio Moro (União-PR), com quem travou um embate direto.
A audiência esquentou quando Moro questionou a conduta do ministro frente às denúncias de fraudes feitas por aposentados e pensionistas. O ex-juiz afirmou que Wolney teria sido alertado sobre o esquema ainda em 2023, quando já ocupava a secretaria-executiva da pasta. "Quem se omitiu aqui foi Vossa Excelência", disse Moro, referindo-se a uma reunião registrada em ata, da qual Wolney teria participado.
O ministro respondeu apontando que as primeiras denúncias sobre os descontos indevidos datam de 2020, época em que o próprio Moro era ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PL). “Essas denúncias foram feitas em 2020, senador. Parece que Vossa Excelência era o ministro da Justiça nessa época. Vossa Excelência fez alguma coisa para coibir essas fraudes?”, rebateu.
Moro insistiu, afirmando que não tomou conhecimento das irregularidades enquanto esteve no governo, e devolveu a acusação: “Se eu tivesse recebido, como Vossa Excelência recebeu, em junho de 2023, a notícia de que haviam essas fraudes, eu teria tomado providências imediatas.”
Segundo investigação conduzida pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União (CGU), entidades sindicais e associativas teriam aplicado descontos irregulares em benefícios de aposentados e pensionistas, movimentando cerca de R$ 6 bilhões entre 2019 e 2024.
A oposição acusa Wolney de ter negligenciado alertas, especialmente após uma reunião realizada em junho de 2023 com a conselheira do INSS, Tonia Galleti, na qual as irregularidades teriam sido discutidas formalmente.
Wolney alegou que apenas tomou conhecimento completo do caso com o avanço das investigações recentes. “Não tenho envolvimento com nenhuma fraude. E mais: já bloqueamos R$ 2,5 bilhões e seguimos atuando para que os aposentados tenham seus recursos de volta”, afirmou.
Após o desgaste no Senado, o ministro da Previdência poderá enfrentar novo escrutínio, desta vez na Câmara dos Deputados. A Comissão de Fiscalização Financeira e Controle (CFFC), que tem nomes midiátios do Congresso, como Carlos Jordy (PL-RJ), Nikolas Ferriera (PL-MG) e Kim Kataguiri (União Brasil-SP) pretende votar, na próxima semana, um requerimento de convocação para que Wolney preste esclarecimentos sobre o mesmo caso, segundo o jornal Metrópoles.
A sessão pode ocorrer já na quarta-feira (21), no período da tarde, após audiência previamente agendada com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT). A expectativa é que os deputados questionem o ministro não apenas sobre sua atuação no caso, mas também sobre o plano do governo Lula para ressarcir os beneficiários lesados.