Lula demite Lupi e pernambucano Wolney Queiroz assume Ministério da Previdência

Comentamos na CBN pesquisa apontando que 85% concorda que Lula deveria demitir o ministro Lupi, do PDT, nome historicamente ligado às centrais sindicais

Jamildo Melo

por Jamildo Melo

Publicado em 02/05/2025, às 18h35 - Atualizado às 19h37

Imagem Lula demite Lupi e pernambucano Wolney Queiroz assume Ministério da Previdência

O presidente Lula recebeu, na tarde desta sexta-feira, 2 de maio, o pedido de demissão do ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, durante audiência no Palácio do Planalto.

O presidente convidou o ex-deputado federal de Caruaru Wolney Queiroz, atual secretário-executivo da Previdência, para ocupar o cargo de ministro. O pernambucano já havia assumido interinamente a pasta, nas férias de Lupi.

A exoneração de Lupi e a nomeação de Wolney serão publicadas ainda hoje em edição extra do Diário Oficial da União.

Trata-se de uma tentativa de  estancar uma crise institucional no INSS.

Mais cedo, na CBN Recife, comentamos que o escândalo do INSS é uma espécie de crise do PIX elevado ao cubo. Embora tenha nascido no seio do governo Bolsonaro, não dá para culpar o barnabé da Receita Federal que baixou uma portaria, como no caso do PIX.

O escândalo da hora tem potencial de prejudicar enormente a imagem de Lula e do Partido dos Trabalhadores, em função da ligação histórica da agremiação com associações e sindicatos.

O escândalo do INSS envolve um esquema de descontos ilegais aplicados sobre benefícios de aposentados e pensionistas, sem a autorização dos segurados.

A investigação revelou que até R$ 6,3 bilhões podem ter sido desviados entre 2019 e 2024.

O dinheiro era repassado para sindicatos e entidades de classe que alegavam representar os beneficiários.

A Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União deflagraram uma operação para combater a fraude, resultando no afastamento do presidente do INSS e de outros servidores envolvidos.

O governo federal nomeou um novo presidente do órgão para tentar restaurar a credibilidade da instituição.

Mas obviamente o caso gerou forte repercussão política, com críticas à gestão atual e pedidos de ressarcimento aos aposentados prejudicados.

A oposição farejou a oportunidade e vem explorando os desdobramentos. A oposição protocolou um pedido para a criação de uma CPI do INSS, visando investigar as fraudes e responsabilizar os envolvidos.

Pois bem...

Nesta sexta-feira, a AtlasIntel divulgou uma pesquisa apontando que 85% dos entrevistados ficaram sabendo e acompanham bem o caso.

Os evangélicos foram os que mais tomaram conhecimento do caso, com uma taxa de 92%. Os católicos 84%.

No Nordeste, base de Lula e PT, 96% tomou conhecimento do caso. É o maior índice entre as regiões.

Só 6,4% se declarou vítima de algum desconto indevido, 58% não foi vítima nem conhece alguem que tenha sido vítima dos golpes.

Para o governismo, o dado mais importante é a constação de que 85%, maioria absoluta, concorda que Lula deveria demitir o miniustro Carlos Lupi, do PDT, um nome historicamente ligado às centrais sindicais. Só 8,7% diz que não deveria demitir.

A maior taxa em prol da demissão ocorre entre os eleiotores do Sul, com 90%, mas no Nordeste chega a 86% dos entrevistados.

Até entre os entrevistados que votaram em Lula 77% defende a degola de Lupi. Entre os eleitores de Bolsonaro, 95% concorda que ele devia sacar o FGTS já.

Como apenas 16% ouviu falar do caso, mas sabe pouco sobre, em tempo de fake news, há um risco enorme de estragos para o governo, ou um enorme potencial, para a oposição.