Presidente Lula (PT) disse que esquema de fraude no INSS começou a funcionar em 2019 e que sua gestão impediu fazer pirotecnia com investigação
por Plantão Jamildo.com
Publicado em 10/05/2025, às 13h35
Durante entrevista concedida neste sábado (10) em Moscou, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comentou o escândalo de fraudes no INSS e atribuiu a origem do esquema à gestão de Jair Bolsonaro. Lula elogiou o trabalho silencioso da Controladoria-Geral da União (CGU) e da Polícia Federal, que desarticularam, segundo ele, “uma quadrilha organizada desde 2019”.
"Felizmente, nossas instituições investigaram com inteligência e sem alarde", afirmou o presidente. Antecipando o tema, Lula destacou que o esquema fraudulento teve início no governo anterior: “Vocês sabem quem estava no comando do Brasil em 2019, quem era o chefe da Casa Civil, quem era o ministro da Previdência”, disse, em clara alusão ao ex-presidente Bolsonaro e a Onyx Lorenzoni.
Lula reforçou que, ao contrário de ações midiáticas, seu governo busca responsabilização concreta. “Poderíamos ter feito um espetáculo, mas nosso foco é apurar. As entidades que lesaram aposentados terão seus bens bloqueados para garantir o ressarcimento", assegurou.
A fala surge em meio à pressão sobre o atual governo, diante da revelação de que os descontos indevidos atingiram valores bilionários. O Planalto tenta se desvincular do episódio, sendo a primeira medida a demissão do ministro Carlos Lupi (PDT), mas a pasta mantendo-se com a legenda e o número 2 da pasta, Wolney Queiroz, assumindo.
Outra prática da gestão é o anúncio da devolução dos valores. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad comentou que o primeiro lote seria de R$ 292 milhões.
Durante a visita à Rússia, onde participou das comemorações pelos 80 anos do fim da Segunda Guerra, Lula destacou o impacto social do golpe contra os aposentados. “Não desviaram dinheiro do INSS, mas sim do salário do povo. Foram direto no bolso dos aposentados. Isso é o que nos indigna”, afirmou. Ele prometeu rigor nas investigações e disse que, se for comprovada participação de membros do antigo governo, “isso será revelado”.
Os convênios com entidades suspeitas começaram na gestão Bolsonaro, e os primeiros registros de descontos indevidos remontam a 2019. Embora a fraude tenha se originado nesse período, foi a partir de 2022 que os valores começaram a crescer vertiginosamente.
Diante da crise, aliados do governo no Congresso tentam conter o avanço da proposta de instalação de uma CPI. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, que acompanha Lula na agenda internacional, já se posicionou nos bastidores contra a criação da comissão parlamentar.
“Quero que o povo brasileiro saiba que as vítimas não serão deixadas de lado. Quem vai pagar são aqueles que exploraram os aposentados e os mais vulneráveis”, declarou o presidente. Ele garantiu que o ressarcimento será feito.
Após a entrevista, Lula seguiu viagem para Pequim, onde será recebido por Xi Jinping em visita oficial de dois dias.