Raquel Lyra e Álvaro Porto estão em Brasília com diferentes interesses. Tentativa de acordo na Alepe gerou desencontro na tarde de terça (26)
por Cynara Maíra
Publicado em 26/11/2025, às 07h51 - Atualizado às 08h29
Sessão Esvaziada: A base governista não deu quórum na Alepe nesta terça (25) após o Palácio rejeitar um acordo costurado pelo secretário da Casa Civil, Túlio Vilaça.
Termos do Acordo: A proposta era votar pontos administrativos da PEC 30 e adiar a discussão sobre o aumento das emendas e o empréstimo de R$ 1,7 bilhão.
Cabo de Guerra: Álvaro Porto quer aprovar o aumento das emendas para 1,55% da receita; Raquel Lyra exige a aprovação prévia do empréstimo.
Recursos Federais: Em Brasília, Raquel cobrou da bancada pernambucana o aumento das emendas destinadas ao Estado, citando que o Ceará receberá R$ 415 milhões contra R$ 20 milhões de Pernambuco.
Movimentação Partidária: A governadora prestigiou a filiação de Fernando Monteiro ao PSD, enquanto Álvaro Porto participou de evento do PSDB com Aécio Neves.
A distância física dos chefes dos poderes Executivo e Legislativo agravou as tensões políticas em Pernambuco na terça-feira (25). Enquanto a governadora Raquel Lyra (PSD) e o presidente da Assembleia Legislativa (Alepe), Álvaro Porto (PSDB), cumpriam agendas distintas em Brasília, uma tentativa de acordo para destravar a pauta estadual fracassou e interrompeu a sessão do dia.
O impasse que gerou falta de quórum no plenário e encerramento abrupto da sessão é sobre a votação da PEC 30 e a autorização do pedido de empréstimo de R$ 1,7 bilhão.
O projeto da PEC 30 propõe aumentar o volume de emendas parlamentares para os deputados estaduais, o que daria mais poder aos políticos do Legislativo a partir de 2026, ano eleitoral.
Na dicotomia entre oposição e governo, Álvaro Porto insiste na votação do aumento das emendas, enquanto o Palácio do Campo das Princesas condiciona qualquer avanço à aprovação do crédito bilionário que já está na Alepe desde junho.
Durante a tarde de terça, o secretário da Casa Civil de Raquel, Túlio Vilaça, teria costurado uma reunião entre Alberto Feitosa (PL), presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), e Socorro Pimentel (União Brasil), líder do governo na Alepe.
No encontro, os políticos teriam concordado em desmembrar a PEC 30, votando apenas três pontos consensuais entre oposição e governo. A ideia era que os pontos polêmicos ficassem para depois.
No entanto, poucas horas após o alinhamento, a ordem do Palácio mudou. Deputados relataram que a governadora supostamente rejeitou a deliberação, insistindo na prioridade do empréstimo.
Com o recuo, a bancada governista foi orientada a esvaziar o plenário. O deputado Diogo Moraes (PSDB), que presidia a sessão, precisou encerrar os trabalhos por falta de quórum minutos após a abertura.
A mudança de postura gerou reações. O líder da oposição, Cayo Albino (PSB), classificou o movimento como "rotineiro" e criticou a "falta de autonomia" do secretário da Casa Civil para honrar acordos firmados com o parlamento.
Enquanto a articulação travava no Recife, Raquel Lyra buscou demonstrar força política na capital federal. A gestora participou da filiação do deputado federal Fernando Monteiro ao PSD, partido que ela comanda no estado, em um evento com a presença do presidente nacional da sigla, Gilberto Kassab.
Na pauta administrativa, a governadora reuniu-se com ministros para articular mais recursos.
Durante encontro na Fiepe, Raquel reclamou que os parlamentares pernambucanos destinaram apenas R$ 20 milhões para o Governo do Estado no Orçamento da União de 2026, enquanto a bancada do Ceará alocou cerca de R$ 415 milhões para a gestão vizinha.
Já Álvaro Porto viajou a Brasília para participar da solenidade que reconduziu o ex-governador mineiro Aécio Neves à presidência do Instituto Teotônio Vilela, braço de formação política do PSDB.