Em entrevista ao PodJá, Carlos Veras comenta eleições de 2026, critica PECs em debate no Congresso e defende avanços para a agricultura familiar
por Plantão Jamildo.com
Publicado em 07/06/2025, às 12h01
O Deputado Federal Carlos Veras (PT), primeiro secretário da Câmara dos Deputados, foi o entrevistado na vigésima primeira edição do PodJá - o podcast do Jamildo e abordou uma série de temas importantes para o cenário político e social brasileiro. O parlamentar comentou desde as eleições de 2026 em Pernambuco até os desafios da nova realidade do trabalho e as pautas da agricultura familiar.
Sobre as eleições de 2026 em Pernambuco, Carlos Veras foi enfático ao declarar a prioridade do PT é a reeleição do Presidente Lula e do senador Humberto Costa. Ele ressaltou que a escolha do segundo senador "depende do palanque que vamos estar aqui em Pernambuco e quem for candidato ou candidata a governador tem esse direito também de escolher".
Sobre a possibilidade do palanque duplo de Lula em Pernambuco, defendida por correligionários, como o deputado estadual João Paulo, onde João Campos (PSB) e Raquel Lyra (PSD) devem ser os principais candidatos, Veras foi pragmático e afirmou que seguirá pelo caminho "mais favorável" e por quem "defender as pautas do Partido dos Trabalhadores".
Alas do PT, no entanto, são contra e colocaram isso em jogo na disputa da presidência da legenda no estado. Em conversa com o Blog, uma fonte do PT afirmou que o motivo de Messias Melo declinar foi pelo acordo com Veras em o partido seguir com João Campos (PSB) na disputa pelo Palácio do Campo das Princesas.
Já sobre o segundo nome ao senado na chapa, o candidato à presidência do partido em Pernambuco levantou a bola para o ministro Silvio Costa Filho. "Faz um excelente trabalho no ministério, um dos mais bem avaliados." Além de também fazer um aceno ao senador Fernando Dueire, que também deve concorrer a reeleição. Esse nome lançado por Veras passa pelo comando do MDB no estado, com a reeleição do aliado de João Campos, Raul Henry, mas também no âmbito nacional, com a possibilidade do vice de Lula ser um nome da legenda.
Para a chapa, Veras ainda cogitou a ex-petista Marília Arraes (Solidariedade), que lidera as pesquisas e dois nomes que podem concorrer tanto com João Campos, quanto por Raquel Lyra, que são Eduardo da Fonte e Miguel Coelho, ambos do União Progressista, que passou a ser a maior bancada na Câmara dos Deputados. "Junto com a Federação Brasil da Esperança (PT, PCdoB e PV), somos quase 200 deputados de 513", pontuou Veras.
Carlos Veras revelou que, embora haja um "sentimento muito favorável, por exemplo, a unificar as eleições, mas ninguém nunca tem coragem de botar a mão e botar esse negócio pra frente". Segundo o deputado, o Partido dos Trabalhadores é contra a unificação das eleições, "quanto mais eleição, mais democracia", disse.
O deputado expressou dúvidas sobre a aprovação da PEC, especialmente por dois motivos: a unificação das eleições e a proposta de "acabar com os 8 anos de mandato dos senadores". Ele questionou: "Você acha que os próprios senadores vão vão votar para acabar com os anos de mandatos que eles têm e ficar apenas com 5 anos?"
O primeiro-secretário da Câmara ressaltou que uma eleição unificada resultaria em nove votos simultâneos (vereador, prefeito, deputado estadual, federal, três senadores, governador, presidente), tornando a campanha uma "loucura sem tamanho".
Em relação à PEC da Anistia, Carlos Veras foi direto: há uma "menor possibilidade dela ser votada". Para ele, o pedido de anistia por parte dos envolvidos no 8 de janeiro é uma confissão. "Eu acho inclusive quando você vai ali pedindo a anistia, eles já estão meio que confessando, né? São réus confessos".
O deputado afirmou que "não há consenso sobre sobre ela ser votada" na Câmara e que a proposta não atingiria os 308 votos necessários para aprovação.
Sobre a eventual CPMI do INSS, Veras indicou que a oposição busca a instalação para "parar o Congresso, o Congresso parar de trabalhar, para ficar focado na na CPMI" e desviar a atenção de projetos importantes, como a redução do Imposto de Renda.
Contudo, ele manifestou a confiança do governo: "Se eles acharem que a a CPMI é para desgastar simplesmente o governo presidente Lula, eu acho que eles estão cometendo um erro. Eles cometeram esse erro com a CPMI do 8 de janeiro. Do 8 de janeiro. E eles viram o resultado da CPMI do 8 de janeiro".
Ele defende que as investigações já estão em andamento por órgãos competentes, e o foco do parlamento deve ser outro no momento.
Carlos Veras, filho de trabalhador rural, destacou o avanço da agricultura familiar, fruto da luta sindical, mas também os persistentes desafios. Ele relembrou a dura realidade de seu pai em "frentes de emergência", ganhando "uma micharia" por um trabalho "humilhante, escravizante".
A maior vitória de seu mandato, segundo ele, foi conseguir "tirar o agricultor, agricultura familiar da reforma da previdência", impedindo a aposentadoria aos 70 anos e protegendo a mulher rural de ter a idade equiparada à do homem, considerando sua "tripla, quarta, quinta jornada de trabalho".
Entre as necessidades mais urgentes, Veras citou a "assistência técnica orientada permanente", que é precária atualmente, e a garantia da compra governamental de alimentos e o cumprimento da lei que obriga municípios a comprarem 30% da agricultura familiar para a merenda escolar (PNAE). Além disso, defendeu a modernização do campo com "microtrator", "forrageira" e acesso a tecnologias, bem como a garantia de serviços básicos como educação, saúde, esporte e lazer, e estradas nas áreas rurais.
Ainda sobre o campo, o deputado abordou a questão da energia para o trabalhador rural. Ele propôs a criação do programa "Luz do Sol", um projeto de lei de sua autoria, para fornecer "oito, seis placas de energia solar" a cada produtor, permitindo a produção de energia própria e combatendo o alto custo da eletricidade que inviabiliza o uso de equipamentos.
Ele criticou a privatização da Eletrobras/Chesf, que piorou a situação dos reassentados de Itaparica, e defendeu o uso dos recursos da privatização para "revitalizar todo o sistema" de irrigação e implementar a cogestão com os produtores.