Do grupo de Humberto Costa, Carlos Veras recebeu o endosso de todos os desistentes. Querendo maior protagonismo do PT em chapas, Fernando Ferro continua
por Cynara Maíra
Publicado em 30/05/2025, às 10h08 - Atualizado às 10h49
A eleição interna do Partido dos Trabalhadores em Pernambuco diminuiu o volume de competição quase um mês antes do pleito.
Com a desistência do vereador do Recife Osmar Ricardo na quarta-feira (29), restam apenas dois nomes na disputa pela presidência estadual da sigla: o deputado federal Carlos Veras e o ex-deputado Fernando Ferro.
Segundo Osmar, o objetivo da sua saída da ocorrida eleitoral ocorre em nome da unidade partidária e representa mais um passo na tentativa de evitar uma fragmentação interna no PED-2025, agendado para o dia 6 de julho.
Com a decisão, Carlos Veras, da tendência Construindo um Novo Brasil (CNB), se consolida como o nome apoiado pela maioria dos subgrupos do diretório petista em Pernambuco.
Ele já havia recebido o endosso de outros quatro ex-candidatos: Sérgio Goiana, Márcia Conrado, Messias Melo e Prazeres Barros. Todos abriram mão da candidatura após articulações que buscaram um consenso em torno de um nome com potencial de unificação.
A decisão de Osmar Ricardo, alinhado com o setor chamado de Alternativa Socialista Democrática (ASD) e também ao Movimento PT, seguiu a mesma lógica. Ele foi o último a retirar a candidatura.
Por outro lado, Fernando Ferro, que integra as correntes Avante e Diálogo e Ação Petista, permanece na disputa. Ele tem feito críticas públicas ao alinhamento do PT com o PSB, especialmente no contexto do apoio à reeleição do prefeito João Campos no Recife.
Para Ferro, o partido deveria retomar o protagonismo nas chapas majoritárias, inclusive com candidaturas próprias nas principais cidades do estado.
A costura em torno de Veras contou com o aval das duas principais lideranças do partido no estado, os senadores Humberto Costa e Teresa Leitão, que, embora estejam em campos opostos na disputa pelo diretório municipal do Recife, convergiram em torno da necessidade de fortalecer o partido com uma candidatura única no âmbito estadual.
Teresa, que inicialmente apoiava Messias Melo, admitiu que o apoio a Veras foi uma decisão pragmática para concentrar forças.
A movimentação também está inserida em uma disputa de longo prazo. O controle do diretório estadual pode interferir diretamente na montagem da estratégia petista para 2026, especialmente nas decisões sobre alianças e protagonismo eleitoral.
Os grupos internos divergem sobre a relação com o PSB e sobre eventuais aproximações com a gestão da governadora Raquel Lyra (PSD).
O deputado Carlos Veras, que afirmou ter disposição para abrir mão da candidatura caso surgisse um nome mais agregador, avança como favorito, com o respaldo das principais correntes internas.
Resta saber se Fernando Ferro manterá sua candidatura até julho ou se haverá uma última tentativa de convergência antes do pleito. Ele segue irredutível e aposta no discurso de reconstrução da identidade do PT no estado.