Briga ocorreu após Jô Cavalcanti ser interrompida em fala. Ao serem chamados de "racistas e machistas", políticos afirmam que levarão à Comissão de Ética
por Cynara Maíra
Publicado em 03/11/2025, às 11h11 - Atualizado às 11h57
 Início da Confusão: A sessão plenária da Câmara do Recife desta segunda-feira (3) foi marcada por uma briga entre vereadores de esquerda e direita.
Estopim: O conflito começou quando a vereadora Jô Cavalcanti (PSOL) foi interrompida por parlamentares de direita enquanto discursava criticando a Operação Contenção no Rio de Janeiro.
Acusação: Jô Cavalcanti reagiu às interrupções, afirmando que a atitude refletia o "racismo que está nas instituições públicas".
Ameaças: Vereadores como Thiago Medina (PL) e Eduardo Moura (PL) rebateram, acusaram a vereadora de "defender bandido" e ameaçaram levá-la ao Conselho de Ética e pedir seu mandato.
Encerramento: Cida Pedrosa (PCdoB) defendeu Jô Cavalcanti, afirmando que mulheres são frequentemente interrompidas. O vereador Junior de Cleto criticou ambos os lados por debaterem pautas de outro estado em vez de focar nos problemas do Recife.
A sessão plenária da Câmara Municipal do Recife desta segunda-feira (3) começou a semana no Legislativo Municipal com uma briga entre parlamentares de esquerda e de direita.
A confusão iniciou durante a fala da vereadora Jô Cavalcanti (PSOL) que criticava a Operação Contenção no Rio de Janeiro. Enquanto falava sobre o número de mortos na ação policial, Jô foi interrompida com falas de vereadores.
Com as interrupções, a parlamentar e as vereadoras Cida Pedrosa (PCdoB) e Kari Santos (PT) criticaram os políticos e pediram silêncio para que a política do PSOL retomasse a fala.
Durante esse momento, Jô Cavalcanti reagiu às interrupções, afirmando que a atitude refletia o "racismo que está nas instituições públicas como essa aqui [a Câmara Municipal”. "Eu sou interrompida várias vezes e isso diz muito sobre o que acontece no Brasil e o que aconteceu no Complexo do Alemão”, disse. Ela também acusou os parlamentares de serem racistas e misóginos contra uma mulher, negra e periférica.
A fala da vereadora provocou uma reação imediata. Os vereadores Thiago Medina (PL), Eduardo Moura (PL) e Gilson Machado Filho (PL) subiram à tribuna para rebater as acusações, que classificaram como "infundadas".
Ao discursar ao lado de Medina e Gilson Machado Filho, Eduardo Moura disse que levará o caso para o Conselho de Ética da Câmara por fazer acusações infundadas.
Durante seu momento de fala, Thiago Medina acusou a vereadora de "defender bandido e traficante" e ameaçou pedir seu mandato. "Quem é do PSOL tinha que ter vergonha na cara [...] não passa de um bando de militante", declarou Medina.
Eduardo Moura reforçou a ameaça, declarando que levará o caso ao Conselho de Ética da Casa. "Se ela quiser voltar a ser militante e ir pra rua militar, ela volte. [...] Aquilo ali não é coisa de vereador", disse Moura. Durante a confusão, o vereador Fred Ferreira (PL) também teria dito que "só morreu bandido" na operação e chamou Jô Cavalcanti.
A vereadora Cida Pedrosa saiu em defesa da colega e se solidarizou. “Nós mulheres quando subimos nessa casa, somos frequentemente interrompidas pelos vereadores dessa casa”, afirmou. A vereadora Kari Santos também apoiou Jô Cavalcanti durante as interrupções.
Após as versões de ambos os lados, o vereador Junior de Cleto (PSB) alfinetou os grupos ao dizer que tanto a "extrema direita e extrema esquerda" estavam falando de outro estado, enquanto o foco era o Recife.
O socialista ainda disse que que os parlamentares deveriam se direcionar para as pautas do dia, que seria a discussão sobre os Prezeis e a ampliação do Bônus de Desempenho Educacional aos profissionais da educação infantil.
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