João Campos, Caixa e SPU articulam destravar terrenos da União no Recife, abrindo acesso a novos recursos do FGTS para habitação

Prefeitura do Recife quer ampliar oferta de terrenos para habitação do Minha Casa Minha Vida com terrenos da União, administrados pela SPU

Jamildo Melo

por Jamildo Melo

Publicado em 03/11/2025, às 09h30 - Atualizado às 11h48

Prédio da PCR, no Recife Antigo
Terrenos de Marinha são um impedimento para crescimento da habitação porque não podem, hoje, ser financiados pelo FGTS - Divulgação

Em encontro recente com empresários da Construção Civil, no Recife, o prefeito João Campos revelou uma das ações mais estratégicas para ampliar a oferta de habitação na capital pernambucana - uma das possíveis bandeiras suas para 2026, quando se especula que pode sair candidato ao governo do Estado.

João Campos disse aos empresários do Sinduscon e Ademi, em um almoço, que vai buscar se reunir com a ministra Gestão e Inovação em Serviços Públicos do governo Lula, Esther Dweck, para mudar as regras de aplicação do FGTS para terrenos sob o patrimônio da União em regime de ocupação.

A iniciativa visa ampliar a oferta de terrenos para turbinar o programa Minha Casa Minha Vida na cidade.

"Poucos sabem, mas se um terreno estiver em área de Marinha em regime de ocupação não se pode usar o FGTS (fundo com dinheiro do trabalhador) para habitação. Mas se pode ir no Bradesco e fazer um apartamento. Só não pode no Minha Casa Minha Vida? Quero ver quem vai ficar contra para gente não rodar isto. A cidade não pode ser penalizada", disse João Campos.

"Isto não é um pleito de uma categoria (empresários). É um pleito da cidade, para fortalecer o Minha Casa Minha Vida".

O prefeito João Campos elogiou o presidente da Caixa, Carlos Antônio Vieira Fernandes, afirmando que ele estava sendo bastante diligente. O prefeito do Recife está em alta com a instituição porque acabou de repassar para o banco a gestão financeira das contas da Prefeitura do Recife.

O presidente da Ademi, Rafael Tenório Simões, elogiou a iniciativa explicando que 40% dos terrenos disponíveis na cidade enquadram-se como patrimônio da União sob regime de concessão.

"Há terrenos com boa fundação, bem localizados, mas por conta do problema com a SPU não se consegue fazer empreendimentos. Temos esperança que se ache uma solução porque temos vocação para sermos líderes no Minha Casa Minha Vida", disse.

Não por coincidência, João Campos nomeou um aliado no comando da SPU com aval de Lula, no começo do ano, conforme informou o site Jamildo.com. Ednaldo Moura, afilhado político e indicado por João Campos e Felipe Carreras, assumiu a Superintendência da SPU, focando na gestão do patrimônio federal, em fevereiro.

O presidente do Sinduscon, Antônio Cláudio, defendeu que tinha que desburocratizar, mas que a solução precisava ser conjunta. "Não pode ser terreno a terreno", recomendou, acrescentando que o Recife, com as mudanças, poderia ser um campo de exportação (da inovação) para o Brasil.

O superintendente da Caixa em Pernambuco, Marcelo Maia, elogiou a articulação.

"Derrubando-se o impedimento do FGTS, vamos destravar muitos e muitos terrenos no Recife. Vai transformar o Recife na capital do Minha Casa Minha Vida", afirmou.

O técnico informou, na reunião da Ademi e Sinduscon, que, na faixa 1 do MCMV, para habitação social, em 2024 o Recife tinha a quarta posição no Estado. Este ano, já é o segundo em concessão de financiamentos.

" (O prefeito João Campos) escolhe as pessoas certas para as missões e depois da autonomia para elas realizarem... O Recife deve assumir o primeiro lugar este ano", frisou.

Marcelo Maia também revelou que tem como missão tentar trazer novos recursos do FGTS para a cidade do Recife, buscando ampliar os financiamentos na faixa 2 e 3 do MCMV.

"Só na faixa 2 podemos ter cerca de R$ 1 bilhão do FGTS. A habitação social tem dependência da política pública, dai termos como prioridade também os empreendimentos de médio e alto padrão", explicou.

A Caixa pode até ter dinheiro, dos trabalhadores, mas não pode fazer nada sem terrenos...