Descumprindo as medidas cautelares já determinadas, o ex-presidente usou as redes sociais de terceiros para "incentivar ataques ao STF", segundo Moraes
por Clara Nilo
Publicado em 04/08/2025, às 18h22 - Atualizado às 19h02
Nesta segunda-feira (4), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, decretou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ficará em prisão domiciliar. A decisão é baseada na afirmação do ministro de que Bolsonaro teria descumprido as medidas cautelares, já impostas, ao veicular mensagens nas redes sociais dos seus filhos.
A decisão foi tomada após capitais brasileiras receberem manifestações a favor de Bolsonaro. Na ocasião, Carlos publicou um vídeo do pai assistindo aos vídeos dos eventos, usando a tornozeleira eletrônica.
"A participação dissimulada de Jair Messias Bolsonaro, preparando material pré fabricado para divulgação nas manifestações e redes sociais, demonstrou claramente que manteve a conduta ilícita de tentar coagir o Supremo Tribunal Federal e obstruir a Justiça, em flagrante desrespeito as medidas cautelares anteriormente impostas", escreveu Moraes na decisão.
Com a prisão, o ex-presidente passa a usar tornozeleira eletrônica; fica proibido de receber visitas, exceto familiares e advogados; e tem todos os aparelhos celulares recolhidos do local.
De acordo com Moraes, as publicações continham "claro conteúdo de incentivo e instigação a ataques ao Supremo Tribunal Federal e apoio, ostensivo, à intervenção estrangeira no Poder Judiciário brasileiro"
Em julho, o ministro Alexandre Moraes determinou diversas medidas cautelares após o ex-presidente ser alvo de uma operação da Polícia Federal. As medidas foram:
A justificativafoi que Bolsonaro poderia pedir asilo político ou fugir para os Estados Unidos para encontrar o filho, que está no país tentando viabilizar uma pressão internacional para conseguir uma anistia para o seu pai - e se diz responsável pelo "tarifaço" imposto pelo presidente Donald Trump.
Mesmo com o decreto, imposto em julho, o filho do ex-presidente, Carlos Bolsonaro, publica com frequência fotos do pai, inclusive pedindo que as pessoas o sigam nas redes sociais.
"Alexandre de Moraes pode tentar, mas não vai conseguir calar um país inteiro", diz a legenda de uma das publicações usada pelo ministro como exemplo na decisão mais recente.