Ministro do STF acusa aliados de Bolsonaro de traição à pátria e ataque à soberania nacional durante reabertura dos trabalhos no STF, nesta sexta-feira
por Ana Luiza Melo
Publicado em 01/08/2025, às 20h02 - Atualizado às 20h19
Com informações da Agência Brasil
Na reabertura dos trabalhos do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta sexta-feira (1º), o ministro Alexandre de Moraes fez duras declarações contra ações recentes atribuídas ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Sem citar nomes diretamente, Moraes comparou a atuação de aliados bolsonaristas nos Estados Unidos ao “modus operandi” dos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, em Brasília.
“O modus operandi golpista é o mesmo”, afirmou o ministro. “Incentivo à crise econômica, que gera crise social e crise política. Para que novamente haja instabilidade e a possibilidade de novo ataque golpista.”
Moraes se referia às articulações feitas por Eduardo Bolsonaro nos EUA, incluindo contatos com o governo de Donald Trump, que recentemente impôs sanções financeiras ao Brasil e anunciou tarifas de 50% a produtos brasileiros — medida celebrada por Eduardo nas redes sociais.
Segundo o ministro, essas ações têm como objetivo desestabilizar o país e pressionar o governo brasileiro a conceder anistia ao ex-presidente, atualmente réu no STF por tentativa de golpe de Estado.
“Esses atos são claros e expressos atos executórios de traição ao Brasil”, disse Moraes.
“Atitudes comuns a milicianos do submundo do crime, que atacam autoridades e suas famílias nas redes sociais.”
O ministro também afirmou que essas articulações configuram crimes como coação no curso do processo, obstrução de investigação e atentado à soberania nacional.
De acordo com Moraes, a atuação visa “um tirânico arquivamento” das investigações contra Jair Bolsonaro e seus aliados, colocando interesses pessoais acima da Constituição e das instituições democráticas.
A fala ocorre em meio à repercussão internacional das sanções aplicadas pelos EUA e à atuação da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD), que protocolou uma ação no STF acusando Eduardo Bolsonaro de liderar ações de obstrução à Justiça e de tentar influenciar ilegalmente o curso das investigações sobre a tentativa de golpe de Estado.
A ABJD afirma que há provas materiais e indícios robustos de que Eduardo Bolsonaro tem agido contra a ordem democrática ao buscar apoio externo para interferir no processo judicial que envolve seu pai.
Desde março deste ano, Eduardo Bolsonaro estava licenciado do mandato parlamentar sob a justificativa de “perseguição política”, vivendo nos Estados Unidos.
A licença terminou no último dia 20 de julho, e o deputado retomou oficialmente o cargo na Câmara.
O caso ganhou novo peso após a revelação de que o deputado teria feito articulações junto ao governo Trump para incluir Alexandre de Moraes em uma lista de sanções internacionais.
A retaliação foi interpretada por ministros do STF como uma tentativa explícita de enfraquecer a Corte e de reverter a situação jurídica de Jair Bolsonaro.
Apesar da gravidade do episódio, analistas avaliam que as sanções aplicadas por Trump contra Moraes têm impacto limitado, mas servem como munição política para aliados bolsonaristas em ano pré-eleitoral.
Confira trecho da fala de Moraes na reabertura dos trabalhos no STF: