Entre os áudios vazados do ex-presidente Jair Bolsonaro, um dos materiais é uma conversa de Bolsonaro com Gilson Machado. Ex-presidente defende Gilson
por Cynara Maíra
Publicado em 29/07/2025, às 12h10 - Atualizado às 13h50
A investigação da Polícia Federal sobre a atuação de Jair Bolsonaro (PL) durante e após o mandato revelou uma série de áudios enviados por ele a aliados, que vão desde reclamações sobre a imprensa até articulações partidárias.
Em meio a mensagens sobre o escândalo das joias, brigas internas do PL e críticas ao rótulo de “extrema-direita”, um dos nomes diretamente citados pelo ex-presidente é o do ex-ministro do Turismo, Gilson Machado (PL), que atualmente disputa espaço dentro do próprio partido em Pernambuco.
Num dos áudios interceptados, Bolsonaro garante ao ex-ministro a liderança do diretório do PL no Recife. “A legenda é tua lá em Recife, não se discute esse fato. É o primeiro passo da vitória pra nós aí. O resto vai trabalhando”, afirmou.
A fala foi registrada durante o período pré-eleitoral de 2024, quando Gilson se preparava para disputar a Prefeitura do Recife.
Mesmo com o aval do ex-presidente, ele terminou a corrida em segundo lugar, com 13,9% dos votos válidos, perdendo para João Campos (PSB), reeleito no primeiro turno.
Apesar do insucesso eleitoral, Gilson voltou ao centro das atenções no início de julho, ao conceder uma entrevista ao PodJá – o podcast do Jamildo.com, após ser preso por suspeita de envolvimento em tentativa de obtenção de passaporte português para Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
A prisão foi autorizada pelo Supremo Tribunal Federal, mas ele acabou liberado logo após. Na ocasião, Gilson negou qualquer pedido de passaporte e classificou o episódio como um “mal-entendido”.
Na entrevista ao podcast, o ex-ministro reafirmou seu interesse em disputar o Senado em 2026 e minimizou as divergências com o presidente estadual do PL, Anderson Ferreira. “Não tem motivo para briga, são duas vagas ao Senado. Bolsonaro já indicou que sou eu, deixou isso muito claro”, afirmou. A declaração veio após Anderson criticar publicamente Gilson por ter se apresentado como pré-candidato sem a anuência da executiva estadual.
As tensões entre os dois líderes se tornaram públicas nas eleições de 2024. De um lado, aliados de Gilson acusavam Anderson de privilegiar apenas campanhas próximas ao seu grupo político, como a do vereador Fred Ferreira (PL).
Do outro, os aliados de Anderson afirmavam que Gilson estava mais empenhado em fortalecer a campanha de Gilson Filho do que em consolidar a sigla como um todo.
No mesmo conjunto de áudios, Bolsonaro também intervém em disputas do PL na Paraíba, reclama da imprensa, minimiza acusações de peculato no caso das joias sauditas e critica ser rotulado como “extrema-direita”.
Até o momento, a defesa de Bolsonaro não se manifestou oficialmente sobre os áudios vazados. Gilson Machado, por sua vez, tem adotado um tom mais cauteloso nas recentes aparições públicas, mas segue se movimentando para consolidar seu nome como representante direto do bolsonarismo em Pernambuco.