No PodJá, Gilson Machado afirmou que era válido a candidatura de Anderson Ferreira ao Senado, mas que não sairia da disputa, já que era o nome de Bolsonaro
por Cynara Maíra
Publicado em 15/07/2025, às 07h39 - Atualizado às 08h38
O presidente estadual do PL, Anderson Ferreira, criticou publicamente o ex-ministro do Turismo Gilson Machado, também filiado à legenda, após o correligionário se apresentar como pré-candidato ao Senado Federal.
Gilson já citou essa pretensão no PodJá- O Podcast do Jamildo, em sua primeira entrevista após a prisão.
Ambos pleiteiam vaga na disputa de 2026 e vinham mantendo uma tensão velada que agora ganhou contornos mais explícitos.
Em entrevista à Rádio Folha, Anderson classificou como “equivocada” a atitude de Gilson ao se colocar como nome do bolsonarismo para a eleição.
“Um projeto pessoal não pode se sobrepor a um projeto partidário e de direita. Você se autointitular candidato é um equívoco”, declarou o dirigente do partido em Pernambuco.
No PodJá, Gilson evitou atacar diretamente Anderson, mas deixou claro que não abrirá mão da disputa e reafirmou sua posição como nome apoiado por Jair Bolsonaro.
“É legítimo que ele [Anderson] queira ser candidato ao Senado. Como também é legítimo eu manter minha candidatura [...] O presidente já deixou claro em várias entrevistas que o candidato dele sou eu”, disse o ex-ministro.
Gilson também negou haver qualquer impedimento estatutário para que dois nomes do PL disputem simultaneamente. “São duas vagas. Nada impede que os dois sejam candidatos pelo mesmo partido, embora o presidente Bolsonaro já tenha feito sua escolha”, afirmou. Veja declaração:
@blogdojamildo Gilson Machado fala sobre pretensão de disputar o Senado e comenta desejo do presidente estadual Anderson Ferreira de também concorrer a vaga. Gilson afirma que foi o escolhido por Bolsonaro em Pernambuco; confira. Confira o vídeo na íntegra no canal do YouTube (link na bio). 📲 Leia na Íntegra em Jamildo.com (link na bio) Jornalismo sério, informação precisa. #jamildomelo #notícia #blogdojamildo #brasil #pernambuco #recifepe #gilsonmachado #jairbolsonaro #senado #politicapernambucana ♬ som original - Jamildo.com
Sem poupar críticas, Anderson acusou o ex-ministro de egocentrismo e de ter sido responsável por prejuízos eleitorais da sigla.
“Ele lutou para ser candidato e o partido atendeu. Sabia que não teria chance, mas é um egocêntrico”, disse, ao citar a candidatura de Gilson à Prefeitura do Recife em 2024. Gilson ficou na segunda posição, com 13,90% dos votos válidos.
O presidente estadual do PL também reclamou da estratégia de Gilson ao lançar o filho vereador em vez de fortalecer a bancada da legenda com nomes competitivos.
Segundo Anderson, Gilson ainda teria criado conflito com a direção nacional por questões de fundo eleitoral. “Recebeu R$ 6 milhões de fundo partidário e alegou que não teve ajuda do partido. Queria os R$ 9 milhões e agrediu o presidente nacional, dizendo que ele não cumpria a palavra. Tive que fazer papel de bombeiro".
Adotando metáfora com a natureza, Anderson comparou a atuação política ao voo de uma águia diante de ataques e indiretamente chamou Gilson de "corvo".
“Sabe o que a águia faz? Ela voa mais alto. O corvo tenta voar, perde oxigênio e cai. Minha resposta para tudo isso é: quando seu inimigo tentar atacar, suba um nível", disse.
A repercussão das críticas motivou um posicionamento público do vereador Gilson Machado Filho (PL). Em nota, o parlamentar lamentou o que chamou de falta de solidariedade de Anderson após a prisão do ex-ministro. “Desde a prisão de meu pai, o presidente estadual do PL, Anderson Ferreira, não entrou em contato para oferecer sequer um gesto de apoio”, disse.
O filho do ex-ministro defendeu que a sigla precisa priorizar a união e evitar o que classificou como “fogo amigo”. “Queremos paz, unidade e um projeto que beneficie Pernambuco e a direita. As diferenças internas não podem superar o que realmente importa.”
A divisão interna no PL pernambucano reflete o embate entre duas alas da direita: uma mais fiel ao bolsonarismo raiz, representada por Gilson, e outra mais pragmática, encabeçada por Anderson, que mantém interlocução com a governadora Raquel Lyra (PSD) e a direção nacional do partido, comandada por Valdemar Costa Neto.
Um dos possíveis impasses para o presidente estadual do PL na ideia apresentada por Gilson de dois candidatos do partido disputarem o Senado seria a competição pelo voto conservador e bolsonarista e a possível pretensão de Anderson de se aliar a uma chapa com Raquel Lyra, que já deve ter ao menos um nome ao Senado.
Essa divergência não é apenas entre Gilson Machado e Anderson. Enquanto aliados de Ferreira, como o prefeito Mano Medeiros (PL), fez um gesto com a governadora a partir da filiação da primeira-dama Andrea Medeiros ao PSD, nomes mais próximos de Machado, como o deputado estadual Alberto Feitosa (PL) tem se mantido mais próximo da oposição ao Governo na Alepe.