Após críticas sobre a demora em entregar as 250 creches prometidas, Raquel Lyra explica dificuldades e afirma que "Torcer contra não é ajudar"
por Cynara Maíra
Publicado em 29/12/2025, às 10h16 - Atualizado às 11h13
Primeira Entrega: Raquel Lyra (PSD) inaugura a primeira creche de sua gestão nesta terça-feira (30) em Igarassu.
Atraso: A oposição critica a falta de entregas em três anos; a meta é de 250 creches e 60 mil vagas.
Justificativa: A governadora alegou dificuldades com terrenos e projetos, e afirmou que "não faz coisas com atalho".
Financiamento: O estado usa R$ 1 bilhão do Fundef e pagará o primeiro ano de custeio das unidades para as prefeituras.
Tensão: O tema já provocou bate-boca com o prefeito João Campos (PSB) sobre a disponibilização de terrenos no Recife
Um dia antes de entregar a primeira creche em três anos de mandato, a governadora Raquel Lyra (PSD) rebateu as críticas da oposição e prometeu uma aceleração das inaugurações para o ano eleitoral de 2026. A fala da gestora ocorreu nesta segunda-feira (29).
Em entrevista à Rádio Jornal, a gestora confirmou que a primeira unidade do programa será entregue na terça-feira (30), em Igarassu, na Região Metropolitana. A prefeita da cidade, Elcione Ramos (PSD), é aliada de Raquel.
O tema foi alvo de críticas na Assembleia Legislativa (Alepe) no segundo semestre de 2025. Isso porque a promessa de campanha da gestora era criar 60 mil vagas em 250 novas unidades até o fim do governo.
Sem unidades inauguradas, deputados oposicionistas, como Antonio Coelho (União Brasil), questionam a viabilidade matemática de entregar em um ano o que não foi feito em três.
Raquel, no entanto, minimizou o atraso e atribuiu a demora à complexidade burocrática, como estudos de solo, desapropriações e licitações que foram divididas em lotes.
"Para aqueles que torcem contra, eu digo que vou fazer. Mas eu digo ainda mais, eu digo que me ajude a fazer. Porque torcer contra não é ajudar Pernambuco", afirmou a governadora.
A inauguração em Igarassu nesta terça seria o início prático das entregas. A expectativa do governo é criar uma agenda positiva ("boom" de entregas) que coincida com o calendário pré-eleitoral de 2026.
Durante fala sobre o papel da oposição, a gestora disse que é necessário sim fiscalizar, mas de maneira.
"Quer fiscalizar? Me ajuda a fiscalizar. Quantos trabalhadores tem por dia em cada uma dessas creches? Pode fiscalizar. Porque o que eu quero é entregar. Podemos abrir um crechômetro aqui. Vamos abrir a quantidade de vagas de creche que Pernambuco criou. Daqui, quanto a gente tinha até agora e quanto nós vamos ter até o final do ano que vem", disse a governadora.
Seguindo a ideia de Raquel Lyra, o Jamildo.com preparou um crechômetro para compilar as entregas do Governo de Pernambuco com os números de vagas e volume de unidades ao longo do restante do primeiro mandato da governadora.
Para maior precisão, o site procurou a Prefeitura de Igarassu para saber a quantidade de vagas disponíveis nessa primeira entrega, quando houver um retorno o infográfico será atualizado.
Confira aqui:
Para viabilizar o pacote de obras, o estado destinou R$ 1 bilhão provenientes dos precatórios do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental (Fundef).
A estratégia de Raquel tenta contornar o gargalo financeiro das prefeituras. Segundo a governadora, o Estado entregará a creche equipada e pagará o funcionamento durante o primeiro ano.
O modelo seria para cobrir o "vazio" orçamentário que ocorre até que o município receba os recursos federais do Fundeb baseados no censo escolar do ano seguinte.
"Muitos prefeitos não inauguram creche porque creche é caro. Neste caso quem vai bancar é o estado", explicou.
Sobre o cronograma, a gestora detalhou que o primeiro lote licitado contempla 51 creches e o segundo, 52 unidades. Ela garantiu que o terceiro lote já alcançou 150 unidades com licitações publicadas.
"Eu podia ter dito assim: abre um monte de casa improvisada. Ok, eu ia poder bater uma meta, mas eu não faço as coisas com atalho", defendeu.
A questão das creches gerou atrito direto entre o Palácio do Campo das Princesas e a Prefeitura do Recife em outubro.
Na ocasião, Raquel Lyra afirmou que a capital havia solicitado dez unidades, mas não indicou os terrenos necessários, obrigando o Estado a realizar desapropriações.
O prefeito João Campos (PSB) rebateu a declaração. O gestor socialista alegou que a prefeitura mapeou e indicou dez terrenos públicos estaduais em agosto de 2023, mas que nove das propostas foram rejeitadas pelo governo.