Ministro de Lula, Silvio Costa Filho defende pena de morte para autores de feminicídio

Lula já declarou que "até a morte é suave" para autores de feminicídio, mas políticos de esquerda tendem a ser contra pena de morte

Cynara Maíra

por Cynara Maíra

Publicado em 27/12/2025, às 10h55 - Atualizado às 11h37

Silvio Costa Filho e Lula lado a lado
Silvio Costa Filho é ministro de Lula e cotado para o Senado em 2026

Defesa de Ministro: Silvio Costa Filho (Republicanos) sugeriu avaliar a pena de morte para feminicidas em entrevista à CNN Brasil nesta segunda-feira (22).

Contexto Político: O ministro argumenta que a esquerda precisa discutir segurança pública com mais rigor; Lula (PT) já debate o tema internamente.

Posição de Lula: O presidente disse em dezembro que "até a morte é suave" para agressores, mas reiterou que a pena capital não reduz crimes e a Constituição proíbe a prática.

Endurecimento: A nova lei sancionada em 2024 já aumentou a pena do crime para até 40 anos.

Violência: O país teve 1.450 feminicídios em 2024, gerando protestos nacionais em dezembro de 2025.

O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos), defendeu na segunda-feira (22) que o governo federal avalie a implementação da pena de morte para autores de feminicídio no Brasil.

A declaração ocorreu durante entrevista ao programa Bastidores, da CNN Brasil. O ministro do presidente Lula (PT) utilizou a brutalidade de casos recentes como justificativa para sugerir a medida extrema, historicamente rejeitada por setores da esquerda e vedada pela Constituição Federal.

"Semana retrasada eu vi um cidadão que matou a esposa na frente dos filhos. Um cidadão desse não tem jeito (...) nós temos, o Brasil, [que] avaliar até a pena de morte para esse tipo de indivíduo", afirmou Silvio.

Para o ministro, a gestão federal e a centro-esquerda precisam enfrentar o debate sobre o endurecimento de penas e as tipificações da segurança pública. Segundo Costa Filho, o próprio Lula já realiza essa discussão internamente e a intenção seria ampliar o diálogo para estados e municípios.

Lula e a "morte suave"

Apesar da fala do ministro, o presidente Lula nunca declarou apoio institucional à pena capital, proibida pela Constituição de 1988 exceto em casos de guerra declarada.

O petista elevou o tom recentemente. Em dezembro de 2025, Lula afirmou que "até a morte é suave" para punir agressores de mulheres. Dias depois, em 11 de dezembro, o presidente ponderou que a pena de morte, por si só, não reduziria a criminalidade e defendeu o foco na educação.

Legislação endurecida e protestos

A pressão por punições mais severas ocorre mesmo após mudanças recentes na lei. Em outubro de 2024, Lula sancionou a Lei 14.994/2024, que tornou o feminicídio um crime autônomo e elevou a pena para 20 a 40 anos de reclusão, a maior prevista no Código Penal brasileiro.

Os números, contudo, desafiam a legislação. O Brasil registrou 1.450 feminicídios em 2024. A escalada da violência motivou uma onda de protestos em dezembro de 2025.

Movimentos como o "Levante Mulheres Vivas" levaram milhares de pessoas às ruas de capitais como São Paulo e Brasília no dia 7 de dezembro, cobrando o fim da violência letal contra a mulher.

Segundo dados da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), a região registra uma média de 11 assassinatos de mulheres por dia.