Presidente do TCE aponta economia de R$ 2,2 bi com atuação preventiva e alerta para "ousadia" com dinheiro da previdência. Episódio vai ao ar hoje (27)
por Cynara Maíra
Publicado em 27/12/2025, às 09h52 - Atualizado às 10h09
Entrevista: Valdecir Pascoal, presidente do TCE-PE, é o convidado do PodJá deste sábado (27).
Nova Postura: Conselheiro rejeita papel de "polícia" e defende atuação preventiva ("biópsia") para evitar erros de gestão.
Economia: A fiscalização prévia de editais e folhas de pagamento gerou economia de R$ 2,2 bilhões em dois anos.
Previdência: Pascoal confirmou déficit de R$ 60 bilhões nos municípios e citou auditoria sobre investimentos arriscados em Paulista.
Sucessão: O conselheiro Carlos Neves assumirá a presidência com a missão de manter o diálogo e o "consensualismo" para destravar obras.
Prestes a encerrar o mandato como presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE-PE), o conselheiro Valdecir Pascoal é o convidado do PodJá desta semana.
Na conversa com o jornalista Jamildo Melo, o gestor defendeu que o órgão não deve atuar como "delegacia", mas focar na orientação para evitar falhas nas políticas públicas.
Pascoal utilizou uma metáfora médica para explicar a mudança de cultura na fiscalização. Segundo ele, o tribunal passou a fazer uma "biópsia" da gestão em tempo real, em vez de realizar apenas a "autópsia" quando o dinheiro já foi gasto.
O episódio estará disponível neste sábado (27), às 14h, no canal do Youtube do Jamildo.com. Confira:
Segundo Valdecir, essa atuação preventiva, de corrigir editais e folhas de pagamento antes da execução, já garantiu uma economia de R$ 2,2 bilhões aos cofres pernambucanos nos últimos dois anos.
Durante a conversa, o conselheiro alertou sobre a crise nos Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS). Pascoal confirmou um déficit atuarial estimado em R$ 60 bilhões nas prefeituras do estado e classificou a criação desses fundos municipais no passado como um provável "equívoco estratégico".
O presidente citou o caso de Paulista, na Região Metropolitana, como exemplo de risco. O tribunal abriu uma auditoria especial para apurar investimentos financeiros arriscados feitos com o dinheiro dos servidores da cidade.
"Parece que pode ter sido uma ousadia", avaliou Pascoal, indicando que a gestão previdenciária exige perfil conservador, e não arriscado.
Sobre o aumento de obras paralisadas, o conselheiro defendeu o "consensualismo" como saída. Ele destacou as mesas de negociação que destravaram impasses no Arco Metropolitano e na Compesa, evitando a judicialização dos contratos.
Pascoal encerra o mandato e passa o comando para o conselheiro Carlos Neves. O atual presidente definiu o sucessor como um gestor "bom de saídas" para resolver questões complexas.