Álvaro Porto acusa assessor do governo de operar “milícia digital” contra deputados

Plantão Jamildo.com | Publicado em 20/08/2025, às 16h58 - Atualizado às 19h59

Deputado Álvaro Porto denuncia suposta milícia digital contra o governo do estado - DIVULGAÇÃO/ ALEPE
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O presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco, deputado Álvaro Porto (PSDB), afirmou na tribuna da Alepe, nesta quarta-feira (20) que um assessor do gabinete da governadora Raquel Lyra estaria à frente de uma rede de ataques virtuais contra parlamentares e instituições do Estado. O pronunciamento foi feito no plenário da Casa, durante sessão ordinária, em resposta a denúncias anteriormente levantadas pela deputada Dani Portela (PSOL).

De acordo com Porto, a Superintendência de Inteligência Legislativa (SUINT) identificou que Manoel Pires Medeiros Neto, assessor do gabinete da governadora, é o responsável por elaborar e disseminar conteúdos que teriam como objetivo difamar deputados, além de integrantes do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) e do Tribunal de Contas do Estado (TCE-PE). Segundo ele, Manoel também estaria ligado a uma denúncia anônima feita contra Dani Portela, autora do requerimento que resultou na instalação da CPI da Publicidade.

Não se trata de narrativas, mas de fatos e de um acervo probatório contundente”, disse Porto, destacando que a investigação obteve imagens do assessor em uma lan house, no shopping Riomar Recife, preparando material que teria sido usado contra a parlamentar. O presidente afirmou que todos os documentos levantados serão entregues à Justiça, à CPI da Publicidade e a cada deputado estadual.

Na sequência, Porto relatou que uma prima do assessor também estaria envolvida no esquema. “Ele e uma prima, a advogada Manoela Álvarez Medeiros, são acusados de atuar num esquema de obtenção irregular de informações para depreciar oponentes do governo”, declarou.

Segundo o presidente da Alepe, a advogada "estaria acessando processos do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região, mediante uso indevido de credenciais de terceiros, e repassando informações a Manoel", completou.

Ligações com o Palácio do Campo das Princesas

No discurso, Porto destacou a proximidade entre o assessor e o Executivo estadual. Manoel Neto foi membro do comitê de transição da governadora em 2022 e assessorou por mais de uma década a vice-governadora Priscila Krause (PSD). "Entre 2011 e 2022 ele foi assessor quando ela exerceu mandatos de vereadora do Recife e de deputada estadual", afirmou o presidente em discurso.

O parlamentar classificou o caso como uma violação ao princípio da separação dos poderes e questionou se a governadora manterá o assessor no cargo. “Se o Executivo decide utilizar a máquina pública para intimidar uma parlamentar, comete uma ingerência direta sobre o Legislativo”, disse.

Álvaro Porto afirmou que a Alepe não aceitará intimidações e que seguirá acompanhando o tema por meio da CPI da Publicidade. "Não arredaremos o pé da defesa intransigente da independência desta casa e da atividade legislativa de cada um de nós, assegurada pela nossa Carta Magna", destacou.

Ele reiterou que o material colhido pela SUINT será compartilhado com o Judiciário e órgãos de controle. E, por fim, que os parlamentares estariam "unidos na defesa das prerrogativas", finalizou.

Defesa da governadora Raquel Lyra

Vários parlamentares de situação saíram em defesa da governadora Raquel Lyra, diante da acusação de Álvaro Porto.

Renato Antunes (PL) discursou que a própria governadora disse a ele que era mãe e já havia sofrido violência de gênero. "Acredito ainda na governadora. Se for, que este servidor seja exonerado. Isto é coisa de polícia. Se fez de fato de forma anônima, é um covarde", disse.

João Tenório, do PRD, disse que a acusação era grave, mas que não se podia vincular ao Palácio. "Se partiu do servidor, que ele seja demitido. Ele que pague por isto. Não tenho dúvida que Raquel fará isto, e que o servidor que peça desculpas e peça exoneração", declarou.

Wanderson Florêncio, do Solidariedade, comentou não haver dúvidas de que a governadora Raquel Lyra vai tomar providências, pelo seu zelo e correção. "Temos cerca de 100 mil servidores... Se comprovar, aconteceu em um sábado, em uma lan house, fora do Palácio", afirmou.

Álvaro Porto, da tribuna, rebateu parte do discurso de Florêncio. "Contra fatos e fotos, não existe argumento. Aqui, quando se faz um movimento político, é atropelo da oposição. O que o governo faz, não é. O jogo político é feito e as pessoas tem que se conformar"

A líder do governo na Alepe, deputada Socorro Pimentel (União), deu abraço em Dani Portela e disse que a respeita. No aparte, ela disse que refutava tudo que faça ligação deste fato com a governadora Raquel Lyra.

"Raquel Lyra também sofre perseguição repetidas vezes", declarou, pedindo que Álvaro Porto fosse o ponto de equilíbrio. O deputado rebateu, afirmando que não se tratava de questão de gênero e que o governo não estava imune às críticas.

Autor "anônimo" confirma denúncia

Alvo das acusações do deputado Álvaro Porto, o assessor do gabinete Manoel Medeiros, confirma, em nota enviada ao site Jamildo.com, a autoria da denúncia contra a deputada Dani Portela (PSOL), fala que a fez em anonimato para "preservar a integridade" e rejeita as acusações de fazer parte da suposta "milícia digital". 

O jornalista afirma ter sido vítima de intimidação. “Recebi com surpresa o fato de a Polícia Legislativa do Estado de Pernambuco ter sido acionada para me investigar – simplesmente porque, repito, no exercício da minha cidadania, levantei e solicitei aos órgãos competentes apuração sobre indícios de irregularidades”, afirmou.

O assessor ainda classificou as acusações como “tentativas de criminalizar o livre exercício da cidadania e do ofício jornalístico” e disse confiar que as investigações seguirão seu curso. “A intimidação – típica dos tempos de regimes totalitários – precisa ficar pra trás”, concluiu a nota.

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