Na véspera de CPI, PSB se movimenta e realoca 3 deputados para outros partidos e realinha bloco

Partido convocou três deputados para se filiar a outras legendas com foco em ampliar a base e fortalecer a oposição na CPI

Cynara Maíra

por Cynara Maíra

Publicado em 19/08/2025, às 07h57 - Atualizado às 09h13

Aliados de João Campos articularam mudanças para conseguir maioria em CPI que deve investigar contratos do governo Raquel Lyra - Alepe/Divulgação
Aliados de João Campos articularam mudanças para conseguir maioria em CPI que deve investigar contratos do governo Raquel Lyra - Alepe/Divulgação

A Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) instala nesta terça-feira (19) a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Publicidade, criada para investigar contratos do governo Raquel Lyra (PSD). A formação do colegiado, no entanto, foi antecedida por uma intensa disputa política.

Na véspera da instalação, o PSB articulou a migração de três deputados para outras legendas, para garantir maioria oposicionista na comissão. Para facilitar o entendimento, o Jamildo.com preparou um infográfico interativo com as alterações: 

As mudanças foram: 

  • Diogo Moraes deixou o PSB e se filiou ao PSDB, partido presidido por Álvaro Porto, que também comanda a Alepe
  • Waldemar Borges ingressou no MDB, reforçando a aliança do partido com o PSB, após a reeleição de Raul Henry na presidência estadual
  • Júnior Matuto assumiu mandato no PRD, para tirar a liderança do partido de um aliado de Raquel Lyra

Com as trocas, cada um passou a ocupar liderança partidária em suas novas siglas, permitindo que os blocos da oposição ampliassem sua participação na CPI.

A articulação alterou o cenário que até poucos dias parecia favorável à base. O governo articulava o  retorno do PL à aliança, sob a liderança de Nino de Enoque, para assegurar maioria. 

Com a manobra dos socialistas, a balança pode pender para o lado da oposição. 

Composição definida

De acordo com a edição extra do Diário Oficial publicada na segunda-feira (18), solicitaram espaço de titulares os deputados: 

  • Na oposição: 
    • Diogo Moraes (PSDB)
    • Waldemar Borges (MDB)
    • Rodrigo Farias (PSB)
    • Dani Portela (PSOL)
    • Antônio Coelho (União Brasil)
  • Na base governista:
    • João Paulo (PT)
    • Nino de Enoque (PL)
    • Wanderson Florêncio (Solidariedade)
    • Antônio Moraes (PP).

O site Jamildo.com apurou que Diogo Moraes será eleito presidente da CPI. A vice-presidência pode ficar com Antônio Coelho, e a relatoria caberia a Waldemar Borges. Caso se concretize, o governo Raquel Lyra pode ter impasses no controle da narrativa sobre a comissão. 

Disputa política

A criação da CPI foi aprovada em 4 de agosto, a partir de requerimento da deputada Dani Portela (PSOL). O pedido quer investigar indícios de direcionamento e possíveis conflitos de interesses em contratos de publicidade firmados pelo governo estadual. O valor estimado do contrato é de R$ 1,2 bilhão em dez anos.

A disputa em torno da CPI da Publicidade repete o embate que marcou outras decisões recentes na Alepe. Em 2025, o governo perdeu o comando das três principais comissões permanentes da Casa (Justiça, Finanças e Administração) para a oposição.

Mais recentemente, dificuldades de articulação também atrasaram a aprovação de nomes indicados pelo Executivo, como o gestor de Fernando de Noronha, e na votação de pedidos de empréstimo.