Único a não participar do bloco de oposição a ficar na reunião, João Paulo se absteve dos votos para presidente e vice da CPI
por Cynara Maíra
Publicado em 19/08/2025, às 10h10 - Atualizado às 10h50
A sessão de instalação da CPI da Publicidade, na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), teve novo capítulo de embate nesta terça-feira (19).
Durante a votação para escolha da presidência e vice-presidência do colegiado, deputados da base governista deixaram a reunião em protesto contra a condução dos trabalhos. Sem eles, a oposição definiu a escolha de Diogo Moraes (PSDB) para a presidência, Antônio Coelho (União Brasil) como vice e Waldemar Borges (MDB) para a relatoria.
O único fora do bloco de oposição a permanecer no plenário foi o deputado João Paulo (PT), que se absteve nas três votações e criticou a forma como a CPI foi conduzida.
Antes de saírem, os parlamentares da base questionaram a legitimidade das recentes mudanças partidárias que alteraram o equilíbrio da CPI.
Antônio Moraes (PP) acusou a Mesa Diretora, presidida por Álvaro Porto (PSDB), de impor uma “ditadura” ao permitir que os três deputados que migraram do PSB para outras siglas assumissem imediatamente as novas lideranças partidárias.
Socorro Pimentel (União Brasil) e Renato Antunes (PL) também discursaram contra o processo. Antunes declarou que a condução era “um desrespeito ao devido processo legal” e reforçou que o PL continuava independente. “O que está acontecendo aqui é uma vergonha [...] quero deixar registrado que o Partido Liberal continua independente, o que está acontecendo aqui agora é circo”, disse.
Com a saída dos governistas, a votação prosseguiu apenas com os membros do bloco PSB, Republicanos, PSOL, MDB, PSDB e PRD, além de João Paulo. Assim, repetiu-se o cenário já previsto pelo Jamildo.com nas primeiras horas do dia: a oposição garantindo o comando da CPI com maioria dos cargos estratégicos.
Os deputados da base retornaram à reunião apenas após a conclusão da votação.
A criação da CPI foi aprovada em 4 de agosto, a partir de requerimento de Dani Portela (PSOL), para investigar contratos de publicidade do governo Raquel Lyra (PSD), estimados em R$ 1,2 bilhão em dez anos.
Na véspera da instalação, o PSB reorganizou suas forças e articulou a migração de três deputados para outros partidos, ampliando o espaço oposicionista. Diogo Moraes se filiou ao PSDB, Waldemar Borges ingressou no MDB e Júnior Matuto assumiu mandato no PRD. Com as mudanças, cada um passou a ocupar liderança em sua nova legenda, assegurando o bloco contrário ao governo a maioria na CPI.
A base ainda tentou evitar a manobra com o retorno do PL à aliança, mas a estratégia foi neutralizada pela movimentação socialista.
O embate desta terça reforça a fragilidade da articulação governista na Alepe. Desde 2023, o Palácio do Campo das Princesas já perdeu o comando de comissões estratégicas, como Justiça, Finanças e Administração, e enfrenta dificuldades na aprovação de projetos considerados prioritários.
A disputa pela CPI da Publicidade amplia a tensão entre governo e oposição, em um cenário que coloca em evidência a relação da governadora Raquel Lyra com o Legislativo.