Enquanto Álvaro Porto e membros da oposição afirmam que gestão tem perseguido deputados, Governo Raquel Lyra declara que não fomenta esse tipo de ação
por Cynara Maíra
Publicado em 14/08/2025, às 09h29 - Atualizado às 11h03
A tensão entre a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) e o Governo Raquel Lyra (PSD) continua a escalar. Durante fala na Assembleia, o presidente da Casa, deputado Álvaro Porto (PSDB), fez uma acusação contra gestão da ex-correligionária ao dizer que "existe uma milícia digital na Casa Civil paga com recursos públicos para atacar deputados".
A declaração foi respondida pelo Governo de Pernambuco, que emitiu uma nota por meio da Secretaria de Comunicação em que relatou que "A Secretaria de Comunicação não fomenta qualquer tipo de ataque pessoal, disseminação de informações falsas ou uso indevido de recursos públicos para fins que não sejam estritamente institucionais" e que as ações de publicidade do governo ocorrem "sempre com o objetivo de garantir que as informações de interesse da população cheguem de forma ampla e eficiente".
Raquel Lyra e Álvaro Porto tem ampliado as tensões nos últimos meses, confira parte da linha do tempo entre os políticos:
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os contratos de publicidade do Governo Raquel Lyra é o principal ponto de tensão desse início de segundo semestre legislativo. A CPI planeja verificar possíveis indícios de problemas na licitação.
O caso ocorre após o Tribunal de Contas do Estado (TCE) suspender por um tempo as publicidades do governo por suspeita de irregularidade. O Governo conseguiu reverter o impasse no Tribunal de Justiça, que também teve a tese acatada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Além da fala de Porto, o deputado da oposição Júnior Matuto (PSB) também propôs a criação de uma Frente Parlamentar contra Fake News na Alepe. Segundo o ex-prefeito de Paulista, haveria disseminação de notícias falsas sendo disparadas contra deputados da Casa.
Após a deputada Dani Portela (PSOL) afirmar em plenário que o Governo Raquel estaria financiando perfis nas redes sociais para atacá-la após a instauração da CPI sobre os contratos de publicidade, Matuto fez um aparte para dizer que "o que nós acabamos de ver é a governadora cagando e fazendo merda através da publicidade”. Por conta do linguajar, Álvaro Porto pediu que a declaração fosse retirada da transcrição da reunião.
Sobre essa fala de Matuto, a líder do governo, deputada Socorro Pimentel (União Brasil), fez uma nota de repúdio no qual afirma que essa não é a primeira vez que o deputado tem "postura incompatível com o cargo, recorrendo a ataques pessoais e desrespeitosos, que nada contribuem para o debate democrático".
Socorro declarou que levará a fala do socialista para Comissão de Ética da Alepe e que a Casa 'não pode ser palco para agressões e desrespeito, especialmente contra mulheres que exercem mandatos legítimos".
"Como mulher e representante do povo, solidarizo-me integralmente com a governadora Raquel Lyra. Seguiremos firmes no enfrentamento ao machismo estrutural que ainda tenta silenciar e desmerecer mulheres na política. Nosso trabalho, nossa capacidade e nossa liderança falam mais alto que qualquer insulto. A democracia se fortalece com respeito, e não com ofensas. Pernambuco merece uma política à altura de sua história e de seu povo", concluiu.