Após deputado tentar acabar com o "Baile do Inferninho", no Ibura, Dani Portela afirma: "vai continuar"

O "Baile do Inferninho" também foi alvo de críticas do vereador Eduardo Moura, do Novo. Em declaração para o Jamildo.com, Dani Portela explica a situação

Clara Nilo

por Clara Nilo

Publicado em 20/06/2025, às 11h01 - Atualizado às 12h09

Dani Portela foi candidata à Prefeitura do Recife em 2024 - Foto: Nando Chiappetta / ALEPE
Dani Portela foi candidata à Prefeitura do Recife em 2024 - Foto: Nando Chiappetta / ALEPE

O deputado estadual Júnior Tércio (PP) apresentou um Projeto de Lei Ordinária na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) em que propõe a proibição, em todo o território do Estado de Pernambuco, de eventos que ele categorizou como "clandestinos" ou "irregulares". Como exemplo, ele usou “pancadão”, “baile do inferninho” e “muvucão”.

O PLO prevê, ainda, a multa de R$ 2o mil aos que desobedecerem a determinação, além da apreensão de equipamentos de som e outros bens utilizados no evento e "encaminhamento do responsável à autoridade policial, nos casos cabíveis". 

O vereador do Recife, Eduardo Moura (Novo), também enviou um requerimento à Prefeitura do Recife referente ao evento popularmente conhecido como "Baile do Inferninho", do Ibura. No documento, o vereador solicita indicação à Secretaria de Segurança Cidadã para as ações urgentes de fiscalização e enfrentamento à perturbação do sossego público, na Avenida Pernambuco.

A deputada Dani Portela (PSOL), presidente da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Alepe, convocou uma reunião ordinária para discutir o tema.

O Jamildo.com entrou em contato com a deputada, que explicou a situação:

"Estive no Ibura, na semana passada, para uma reunião com moradores e trabalhadores do Baile do Inferninho. Uma coisa que é importante pontuar, é que o baile gera renda e ocupação para mais de 20 famílias, que retiram seu sustento do comércio de alimentos e bebidas realizados no local. Famílias que, muitas vezes, só tem essa possibilidade de geração de renda, pois são formadas por mães solo, cuidadores de pessoas com deficiência, dentre outros", disse ela ao site. 

"Não aceitaremos a criminalização dos corpos e da cultura periférica. Nosso papel é seguir cobrando políticas públicas efetivas para garantia do bem-estar social dessas pessoas. Por isso aprovamos essa audiência pública, para discutir esse projeto de lei absurdo, que quer proibir as manifestações de rua dentro das periferias", completou. 

A audiência pública, que tem como objetivo ouvir a população, além de "debater possíveis prejuízos à dinâmica da comunidade". A data da reunião ainda não foi definida, mas ela acontecerá no segundo semestre, após o fim do recesso legislativo.

Em sua rede social, Dani Portela publicou um vídeo com os organizadores do "Baile do Inferninho", no qual afirma:  "aqui no Ibura tem trabalhador, pai e mãe de família sobrevivente do comércio que vem dos bailes. E a gente quer dar um recado: o baile vai continuar!", disse.