Texto aprovado na Alepe une 5 projetos para ampliar a segurança nos estádios em jogos. Ação ganhou destaque após episódio de violência em fevereiro
por Cynara Maíra
Publicado em 13/11/2025, às 08h51 - Atualizado às 09h40
A Alepe aprovou projeto que exige biometria facial em estádios com mais de 20 mil pessoas e câmeras de reconhecimento no entorno.
Será criado o Cadastro de Maus Torcedores para registrar envolvidos em violência e discriminação, com multas de até R$ 200 mil.
O trajeto das torcidas organizadas será monitorado por câmeras pela Polícia Militar.
A medida é uma resposta aos confrontos violentos de fevereiro entre torcidas de Sport e Santa Cruz.
A lei entra em vigor em 60 dias após sanção, mirando o Campeonato Pernambucano de 2026.
A Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) aprovou em primeira votação, na quarta-feira (12), um projeto de lei que endurece as medidas de segurança em eventos esportivos no estado.
O texto, um substitutivo da Comissão de Justiça que unificou cinco propostas, busca combater a violência nos estádios e arredores durante jogos de futebol.
A principal mudança é a exigência de sistemas de biometria facial para o acesso a estádios e ginásios com capacidade superior a 20 mil pessoas. Além disso, o Governo do Estado deverá instalar câmeras de reconhecimento facial nas vias de acesso, em um raio de um quilômetro desses locais.
O projeto também determina que o trajeto das torcidas organizadas, definido pela Polícia Militar, seja inteiramente monitorado por câmeras (móveis ou fixas) até a entrada no evento.
A Alepe também prevê a criação do Cadastro de Torcidas Organizadas, com dados das agremiações e integrantes, e o Cadastro de Maus Torcedores.
Neste último, serão inscritas pessoas envolvidas em violência, tumultos ou condutas discriminatórias (racismo, homofobia, xenofobia e transfobia).
A nova legislação estabelece multas pesadas para infrações, que podem chegar a até R$ 200 mil.
A articulação legislativa ocorreu após os episódios de violência em fevereiro deste ano no Recife. Um confronto entre torcidas de Santa Cruz e Sport resultou em agressões brutais, incluindo um caso de violência sexual.
"Vimos, lamentavelmente, atos de barbárie", lembrou o deputado Coronel Alberto Feitosa (PL), presidente da Comissão de Justiça e autor de dois dos projetos originais.
Feitosa destacou que a lei dará autonomia às forças policiais e amparo ao Judiciário para "fiscalizar, multar, impor outras sanções e até extinguir torcidas organizadas".
A relatora da matéria, deputada Débora Almeida (PSDB), unificou as propostas de Feitosa, William Brigido (Republicanos), Joel da Harpa (PL) e Kaio Maniçoba. "Quero agradecer à Comissão pela liberdade que tive para estabelecer um diálogo conjunto com líderes das torcidas, presidentes de clubes e Federação", afirmou a deputada.
O texto final também acolheu uma emenda de Feitosa para estender o monitoramento por câmeras a arenas menores, a partir de 10 mil pessoas. A lei deve entrar em vigor 60 dias após a publicação, visando já valer para o Campeonato Pernambucano de 2026.