Débora Almeida critica João Campos por venda de precatórios do Fundef e chama reajuste aos professores de "pífio"

Vice-líder de Raquel Lyra na Alepe, Débora Almeida acusa João Campos de "raspar o tacho" e usar R$ 124 mi de deságio do Fundef para "cobrir rombo fiscal"

Cynara Maíra

por Cynara Maíra

Publicado em 12/11/2025, às 12h01

Débora Almeida fala em púlpito do plenário da Alepe
Deputada estadual Débora Almeida (PSDB) criticou João Campos no Plenário da Alepe - Matheus Augusto

A vice-líder de Raquel Lyra, Débora Almeida (PSDB), atacou João Campos (PSB) na Alepe, acusando-o de "vender" precatórios do Fundef.

Almeida afirma que a PCR abriu mão de R$ 124 milhões (deságio de 21,8%) para "cobrir rombo fiscal" e chamou o reajuste de 3% aos professores de "pífio".

A deputada citou obras paradas no Recife, como a Ponte Giratória e a Orla de Boa Viagem, e contrastou com ações de Raquel na educação.

A bancada do PSB na Alepe, incluindo o líder da oposição Kaio Albino, permaneceu em silêncio durante as críticas.

A base de João Campos na Câmara do Recife defende a operação, alegando que o valor vendido era de "livre aplicação" (juros) e que a parte dos professores (R$ 238M) está garantida.

Durante a sessão plenária de terça-feira (11) a vice-líder do Governo na Assembleia Legislativa, deputada Débora Almeida (PSDB), teceu diversas críticas ao prefeito do Recife, João Campos (PSB).

Em um discurso sobre a área educacional, após elogiar os efeitos da governadora Raquel Lyra (PSD), Débora acusou o prefeito do Recife de "vender antecipadamente" os precatórios do Fundef da educação.

A deputada chegou a dizer que João teria renunciado R$ 124 milhões com a operação junto ao Banco Itaú. Em um embate semelhante na segunda-feira (10), a base de João Campos argumentou que a operação ocorreu nos juros remuneratórios e que os recursos destinados aos professores estão guardados. 

Segundo Almeida, a operação serviu para "cobrir o rombo fiscal da própria Prefeitura". Ela também classificou o reajuste de 3% concedido aos professores da rede municipal como "pífio".

A crítica foi direcionada para operação financeira que antecipou R$ 443,4 milhões para o Recife com a venda de créditos de R$ 567,1 milhões que a União pagaria ao município entre 2026 e 2028 através dos precatórios.

A transação com o Itaú Unibanco teve um desconto (deságio) de 21,8%, o que representa a perda de R$ 124 milhões para os cofres municipais.

"O prefeito está usando o dinheiro que deveria ser destinado aos professores para cobrir o rombo fiscal da própria Prefeitura, fato admitido pela própria Procuradoria do município", completou Almeida.

Usando o argumento de que a Prefeitura do Recife "raspa o tacho do futuro para tapar os buracos do presente", Débora Almeida afirmou que a capital está "sem fôlego financeiro" e "sem capacidade de investimento", ao falar que as obras atrasadas da gestão estariam paradas.

A deputada citou como as construções supostamente interrompidas a Ponte Giratória, a Orla de Boa Viagem e o Parque Eduardo Campos.

A deputada contrapôs a gestão de Campos com as ações do governo Raquel Lyra, citando o programa Juntos pela Educação. Ela destacou a contratação de 9 mil professores concursados, a climatização das escolas e a menor taxa de evasão do ensino médio do Brasil como avanços da atual gestão estadual.

Apesar do aumento dos professores efetivos, a situação da estrutura da rede estadual de ensino também foi alvo de críticas da presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação, Ivete Caetano, na segunda-feira (10), durante a audiência da Comissão de Educação. 

Base de João Campos defende ação 

A negociação dos precatórios já havia sido alvo de debate na Câmara Municipal do Recife na segunda-feira (10).

Na ocasião, vereadores da base de João Campos, como Júnior de Cleto (PSB) e Eduardo Mota (PSB), defenderam a operação.

Segundo os governistas, o valor vendido corresponde aos juros remuneratórios, que são de "livre aplicação" e não precisam estar vinculados exclusivamente à educação. Eduardo Mota garantiu que "100% dos R$ 238 milhões destinados aos servidores da educação estão integralmente garantidos".