Sintepe cobra Secretário de Educação por número de contratos temporários; Gilson mostra melhora em índices

Em audiência, Gilson Monteiro mostrou melhoras nos índices educacionais do estado, mas foi cobrado pelo Sintepe sobre volume de contratos temporários

Cynara Maíra

por Cynara Maíra

Publicado em 11/11/2025, às 10h28 - Atualizado às 12h20

Ivete Caetano fala ao microfone em audiência
Ivete Caetano criticou volume de contratos temporários

O Secretário de Educação, Gilson Monteiro, apresentou avanços na Alepe, como a climatização de quase 600 escolas e melhorias nos índices de proficiência.

A presidente do Sintepe, Ivete Caetano, rebateu os dados, citando uma queda de 24.380 matrículas e criticando a proposta de EJA por EAD.

O Sintepe cobrou o alto número de temporários, que ainda são 52,1% da rede, apesar da melhora nos índices do INEP de 2024.

Em 2023, Pernambuco era o 8º estado com menos efetivos (36,35%); em 2024, subiu para 14º (46,7%).

Ivete Caetano também cobrou a instalação de uma comissão para debater a progressão na carreira dos servidores.

Durante audiência pública na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), na segunda-feira (10), o secretário da Educação do Governo Raquel Lyra (PSD), Gilson Monteiro, e entidades do setor foram convidados para um balanço do setor educacional neste ano.

Gilson apresentou um relatório com avanços nos indicadores da área. Segundo os resultados, entre 2021 e 2024 houve uma melhora na proficiência em Língua Portuguesa e Matemática, tanto ao fim do ensino fundamental I quanto no Ensino Médio.

O secretário também citou a diminuição da taxa de analfabetismobem abaixo da média Nordeste” e o investimento de R$ 1 bilhão na entrega de 2.120 ônibus escolares.

Ivete Caetano, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sintepe) rebateu os dados divulgados por Gilson, afirmando que a rede estadual teve uma queda de 4,5% nas matrículas, com 24.380 estudantes a menos.

Ivete ainda falou que há 54.872 estudantes em idade escolar fora da escola. Ela também reclamou que mais de 30% das escolas não têm laboratório de informática ou biblioteca.

O gestor admitiu um “passivo” na infraestrutura das escolas, mas afirmou que quase 400 unidades estão em manutenção simultânea por parte do Governo de Pernambuco.

Sobre a climatização, ele apontou um avanço: “Em 2023 tínhamos 1.051 escolas, das quais apenas 135 tinham ar-condicionado. Hoje, são 1.081, sendo quase 600 delas completamente climatizadas”.

Situação dos professores temporários em Pernambuco

Dois tópicos de tensão entre o Sintepe e o Governo Raquel são o volume de professores temporários na rede estadual e a proposta de realizar Educação de Jovens e Adultos (EJA) na modalidade EAD.

Um tema de embate ao longo de 2024 e 2025, trabalhadores em educação reclamam do alto volume de professores temporários no Governo de Pernambuco, sendo maioria no número de docentes no estado.

Antes de Raquel Lyra começar a acatar a solicitação do Tribunal de Contas do Estado (TCE), o censo de 2023 do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) mostrava Pernambuco como o 8º estado com menor número de professores efetivos, chegando a apenas 36,35% do total de profissionais.

Os dados do Censo de 2024 mostraram um resultado melhor para Pernambuco. O estado saiu da 8ª posição de menores índices e foi para 14ª, estando no meio dos resultados das redes estaduais.

Pernambuco agora tem 46,7% de profissionais concursados e 52,1% em contrato temporário. Ainda é a maioria, mas diminuiu de um ano para o outro. As contratações do cadastro reserva continuaram até abril, quando a gestão não renovou a extensão do certame.

Ivete Caetano reconheceu o aumento de concursados, mas salientou que a “presença de mais da metade dos professores com vínculos temporários permanece como um indicador estrutural de fragilidade”. O Sintepe também cobrou a instalação de uma comissão para debater a progressão na carreira. Segundo o sindicato, Gilson Monteiro não respondeu às perguntas.

Críticas sobre EJA EAD

O Sintepe também criticou na audiência a proposta de Educação de Jovens e Adultos (EJA) na modalidade EAD, aprovada pelo Conselho Estadual de Educação com voto contrário do Sintepe.

Quem é professor da EJA sabe que, muitas vezes, os idosos voltam a estudar para ler a Bíblia! […] O EJA por EAD será um crime contra essa população que historicamente foi excluída da escola”, afirmou.