Vereador Eduardo Moura diz que João Campos quer vender o Recife com ação no Distrito Guararapes, projeto que terá concessão privada de região
por Cynara Maíra
Publicado em 12/11/2025, às 09h20 - Atualizado às 10h06
O vereador Eduardo Moura (NOVO) criticou o projeto Distrito Guararapes, de João Campos, acusando o prefeito de "vender a cidade".
Moura afirma que, dos R$ 317 milhões que a prefeitura diz que receberá, sobrarão apenas R$ 6,8 milhões após contrapartidas (R$ 234 mi) e subsídios (R$ 50,8 mi).
O vereador denunciou que o projeto, que prevê 873 unidades habitacionais, beneficia "uma empresa ligada à família dos Coelho".
O projeto prevê a concessão de 14 hectares em Santo Antônio por 30 anos, com investimento privado de R$ 300 milhões para requalificar 14 imóveis.
O vereador Júnior de Cleto (PSB) defendeu o projeto, afirmando que os imóveis (massa falida ou espólio) serão desapropriados e destinados ao Minha Casa Minha Vida.
Na terça-feira (11) o vereador Eduardo Moura (NOVO) subiu à tribuna da Câmara Municipal do Recife para criticar o projeto do Distrito Guararapes, apresentado pela gestão João Campos (PSB).
Moura acusou o prefeito de "vender a cidade".
A crítica do vereador foi uma continuação de seu discurso do dia anterior, quando acusou a prefeitura de causar um prejuízo de R$ 124 milhões com a venda de precatórios da educação.
Segundo o material já obtido pelo Jamildo.com, o uso dos precatórios da educação seria uma antecipação dos recursos como garantia aos bancos, não um gasto desses valores.
"Dos 317 milhões, a Prefeitura vai fazer uma contraprestação pública, ou seja, vai colocar R$ 234 milhões. Sobram R$ 83 milhões", calculou Moura. O vereador afirmou que o projeto prevê mais gastos "nas entrelinhas".
"Durante 6 anos, a prefeitura vai botar um subsídio de R$ 50,8 milhões. Ou seja, dos 83 milhões restarão pouco mais de R$ 32 milhões", continuou.
Segundo Moura, o valor venal dos prédios seria de R$ 25,2 milhões, levando a um ganho real de apenas R$ 6,8 milhões. "Eles estão divulgando que a prefeitura vai receber 317 milhões, né? Mentira! Vão sobrar apenas R$ 6,8 milhões. Isso é matemática", criticou.
Eduardo Moura também questionou o destino das 873 unidades habitacionais de interesse social que serão criadas nos imóveis requalificados. "Quem vai lucrar com isso? E ainda vão ter 873 unidades [...] que a empresa vai poder alugar ou vender. É impressão minha ou a prefeitura está dando um bairro para uma empresa?", questionou.
O projeto do Distrito Guararapes prevê a concessão à iniciativa privada, por 30 anos, de uma área de 14 hectares no bairro de Santo Antônio, abrangendo 35 quadras. A empresa ou consórcio vencedor da licitação deverá investir cerca de R$ 300 milhões na requalificação da área e na restauração de 14 imóveis sem uso.
Segundo o vereador do NOVO, a matemática divulgada pela prefeitura não se sustenta. Moura contestou o valor de R$ 317 milhões que a gestão afirma que receberá ao longo dos 30 anos.
O vereador Júnior de Cleto (PSB) saiu em defesa do projeto, afirmando que é uma tentativa de "voltar a dar vida ao centro do Recife" e lamentou que a oposição critique "para atrapalhar o projeto".
Cleto explicou que a concessionária terá a obrigação de reformar 14 imóveis sem uso, que são "objeto de espólio ou massa falida" e serão desapropriados pela Prefeitura.
Desses, 12 irão para uso residencial e comercializados pelo programa Minha Casa Minha Vida.
O secretário de Planejamento, Felipe Matos, já havia explicado que "o espaço continua público" e que a concessionária será responsável pela manutenção que hoje é feita por empresas terceirizadas pela prefeitura.
O projeto, desenvolvido com apoio do BNDES, prevê ainda a recuperação de calçadas, 5 km de novas ciclovias, estações de BRT, uma cinemateca e um palco flutuante. Após consulta pública até o início de novembro, o plano será encaminhado para análise do Tribunal de Contas do Estado (TCE).
O projeto do Distrito Guararapes prevê a concessão à iniciativa privada, por 30 anos, de uma área de 14 hectares no bairro de Santo Antônio, abrangendo 35 quadras.
A empresa ou consórcio vencedor da licitação deverá investir cerca de R$ 300 milhões na requalificação da área e na restauração de 14 imóveis sem uso.