Vitória de Marcílio Régio marca primeiro prefeito do União Progressista e dualidade entre João Campos e Raquel Lyra

Federação entre UB e PP foi oficializada na semana passada. Assim como entre os dois partidos, eleição em Goiana marcou divisão entre Raquel e João Campos

Cynara Maíra

por Cynara Maíra

Publicado em 05/05/2025, às 09h20 - Atualizado às 10h31

Marcílio Régio é primeiro prefeito do União Progressista
Marcílio Régio é primeiro prefeito do União Progressista

A eleição suplementar em Goiana, realizada neste domingo (4), marcou a estreia da federação União
Progressista
— composta por União Brasil e Progressistas — nas urnas.

O prefeito eleito, Marcílio Régio (PP), tornou-se o primeiro chefe de Executivo municipal eleito pelo novo bloco partidário no país.

A vitória fortalece a federação em Pernambuco, especialmente pela importância eleitoral de Goiana, um dos maiores colégios da Zona da Mata Norte. Com o resultado, a aliança entre PP e União Brasil passa a reunir 37 prefeituras no estado: 26 comandadas pelo PP e 11 pelo União.

Além de simbólica para a federação recém-formada, a disputa expôs um cenário político de dualidade entre os dois principais atores do estado: a governadora Raquel Lyra (PSD) e o prefeito do Recife, João Campos (PSB).

Apesar de ambos terem vínculos com o grupo político que garantiu a eleição de Marcílio, a campanha evidenciou a distância estratégica entre as lideranças.

João Campos participou ativamente do palanque de Régio, aparecendo em ato público ao lado do deputado Sileno Guedes (PSB) e manifestando apoio direto nas redes sociais após a vitória.

Seguimos juntos nessa caminhada! Conte sempre com o Recife, meu amigo", declarou o prefeito, que também ligou para o aliado eleito.

Já Raquel Lyra optou por manter distância da campanha. A governadora esteve alinhada a Eduardo Honório (PL), ex-prefeito de Goiana e um dos principais apoiadores de Régio, na eleição ordinária de 2024.

No novo pleito, a gestora estadual evitou envolvimento direto por conta da presença de aliados de sua base em lados opostos: além do PP, partido de Marcílio, o Avante — que rompeu com João Campos e hoje integra a base de Raquel — também disputou a prefeitura com Eduardo Batista como candidato.

A posição discreta da governadora foi vista como uma tentativa de equilibrar a relação com os partidos aliados no interior, sem comprometer alianças à frente das eleições municipais de 2024 e da disputa estadual em 2026.

Em nota publicada após a confirmação do resultado, Raquel cumprimentou o novo prefeito de forma institucional, destacando o “compromisso com o futuro” e a continuidade do apoio aos municípios.

A eleição em Goiana ocorre em meio à reconfiguração partidária no estado. Na última semana, União Brasil e Progressistas oficializaram a federação União Progressista, enquanto outras siglas como PSDB e Podemos avaliam fusão.

Embora fortaleça as legendas no plano nacional, a nova configuração deve ampliar as tensões locais, especialmente porque União Brasil é hoje um dos pilares de apoio a João Campos, enquanto PP e Podemos integram a base da governadora Raquel Lyra.

Com a vitória em Goiana, o Progressistas empata com o PSB em número de prefeituras em Pernambuco, cada um com 26 gestões. A legenda também atraiu um prefeito do PSB em Água Preta na semana anterior.

Outras movimentações recentes alteraram o mapa político do estado: três prefeitos deixaram o PSB rumo ao PSD, que agora soma 60 administrações municipais, e uma gestora migrou para o MDB.