Durante evento em São Paulo, Valdemar Costa Neto defendeu governo de direita, criticou Lula e buscou apoio de Kassab para anistia a Bolsonaro
por Plantão Jamildo.com
Publicado em 14/09/2025, às 11h19
O presidente nacional do PL (Partido Liberal), Valdemar Costa Neto, afirmou no sábado (13) durante um festival no interior de São Paulo, a necessidade de um “governo de direita com o Congresso na palma da mão” para endurecer medidas contra a criminalidade e garantir apoio legislativo às pautas do Executivo.
Questionado sobre segurança pública, Valdemar criticou o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Com esse governo é difícil. Quando o governo chega e fala: ‘O que tem de mais um camarada roubar um celular’. Esquece, não tem jeito. Temos que ter um governo de direita com o Congresso na palma da mão”, afirmou.
O dirigente citou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como exemplo de um governo que, segundo ele, não consolidou apoio parlamentar suficiente. “Bolsonaro, quando assumiu o governo, era pra ter feito isso, parece que não tinha noção. Ele não tinha o Congresso ao lado dele. Ele nunca fez nenhum trabalho com o presidente da Câmara, com o presidente do Senado. Quando precisava de alguma coisa tinha que por emenda pra aprovar”, disse.
Durante o governo Bolsonaro, foi criado o chamado orçamento secreto, uma uma nova modalidade de emendas parlamentares, que são recursos do Orçamento da União direcionados por deputados para suas bases políticas ou estados de origem.
Para Valdemar, um governo com base sólida no Legislativo “muda tudo” na condução política e na capacidade de implementar projetos. “O presidente veta e, pra derrubar um veto do presidente, é difícil”, completou.
O presidente do PL também afirmou precisar do apoio de Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD, para aprovar um projeto de anistia no Congresso Nacional voltado ao ex-presidente Bolsonaro. A declaração ocorreu após a condenação de Bolsonaro a 27 anos e três meses de prisão na ação da Primeira Turma do STF que investigou tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
“Na luta que nós vamos ter, que a nossa luta para recorrer, esquece Supremo, isso já acabou. Agora temos que resolver Senado e Câmara, de aprovar a anistia, e isso, nós precisamos muito do apoio do Kassab”, declarou Valdemar.
Kassab, também presente no evento, respondeu que apoia a medida: “A minha questão está resolvida: eu sou a favor”. Valdemar acrescentou que o PL busca manter alianças com siglas como PP, União Brasil, PSD e Republicanos para garantir votos suficientes no Senado e na Câmara.
“Se conseguirmos continuar como nos estamos construindo agora com o PP, com União Brasil, que estão fechados com a gente, Kassab, se Deus quiser vai fechar também, porque precisamos da anistia. O Republicanos tenho reunião semana que vem. Se tivermos os partidos unidos, nós vamos aprovar a anistia, pode ter certeza. A anistia é importantíssimo para o Brasil. Se Deus quiser vamos conseguir a união desses partidos", afirmou.
Atualmente, várias versões do projeto da anistia estão em negociação, com debates sobre a abrangência do perdão. No Senado, uma proposta alternativa, mais restrita, está sendo discutida. A oposição, no entanto, rejeita qualquer texto que não beneficie Bolsonaro.
Apesar de ser pessoalmente favorável ao projeto de anistia a Bolsonaro, Gilberto Kassab não pautou o tema durante o encontro semestral do PSD, realizado na quinta-feira (11), em Santa Catarina.
Gilberto Kassab vive entre a cruz e a espada. Em junho, acumulou um título para o currírulo: o de "imbrochável, imorrível e incomível", condedido por Jair Bolsonaro (PL). Mais que o título dos "3is", a entrega selou uma reaproximação dos dois.
Apesar disso, o partido de Kassab possui três ministérios no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), portanto, a relação com o petista é cultivada, embora tenha falado algumas vezes que ele não faz parte do governo Lula, mas, sim, uma ala do partido comandado por ele.
Hoje secretário de Tarcísio de Freitas (Republicanos), no governo de São Paulo, Kassab já foi ministro de Dilma Rousseff (PT), quando chefiou a pasta de Cidades.
Em uma oportunidade, disse que Lula não seria reeleito e que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), seria "fraco". Mas, voltou atrás e afirmou que o presidente é forte e pode reverter cenário nas próximas eleições, mesma ocasião que garantiu que não quer ser candidato a vice-governador numa eventual chapa de Tarcísio de Freitas (Republicanos). Em abril, Kassab chegou a afirmar que poderia renunciar a candidatura do PSD à Presidência caso Tarcísio entre na disputa.
Já nas eleições passadas, Kassab ensaiou uma aliança com Lula ainda no primeiro turno e tentou marcar posição com uma candidatura própria no centro político, com o então presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Hoje, cotado a se candidatar ao governo de Minas, num palanque que pode receber o presidente Lula.
Naquele pleito, Kassab gravou um vídeo para o ato de 42 anos do PT, ao mesmo tempo que não desestimulou ou até trabalhou por alianças estaduais com políticos bolsonaristas. A sigla sustentou palanques para Lula em sete Estados, enquanto para Bolsonaro, em oito.