TCE aplica multa em prefeita pernambucana por uso irregular de emenda pix federal

Prefeita de Cortês recebeu multa por uso de verba federal recebida por emenda pix

Jamildo Melo

por Jamildo Melo

Publicado em 10/06/2025, às 17h23 - Atualizado às 17h35

As chamadas emendas Pix causam polêmica em meio ao orçamento secreto da Câmara dos Deputados - Mário Agra / Câmara dos Deputados
As chamadas emendas Pix causam polêmica em meio ao orçamento secreto da Câmara dos Deputados - Mário Agra / Câmara dos Deputados

Sem alarde, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) julgou que a Prefeitura de Cortes, na Zona da Mata de Pernambuco, usou verbas enviadas por parlamentares federais, via emenda pix, de forma irregular, aplicando multa para gestores municipais.

As "emendas pix", segundo o TCE, são um tipo de repasse de verbas públicas feito por parlamentares da União (deputados federais e senadores) para Estados e municípios, sem a necessidade de convênios, apresentação prévia de projetos ou prestação de contas antecipada.

A decisão ocorreu em processo de auditoria especial, julgado em 2 de junho pela Primeira Câmara do TCE.

O processo analisava supostas "irregularidades com uso dos recursos recebidos a título de transferências especiais da União".

O relator do processo foi o conselheiro Rodrigo Novaes, do TCE.

Em seu voto, o relator mencionou que parte dos recursos foi utilizada para despesas com combustíveis e lubrificantes, sem a realização de processo licitatório ou formalização de contrato.

O relatório de auditoria do TCE ainda apontou a compra de produtos hospitalares sem licitação.

“Apesar de o valor empenhado estar dentro do limite permitido para a contratação direta, a formalização do processo é obrigatória, conforme estabelece a Lei Federal 14.133/2021 (Lei de Licitações)”, destacou Rodrigo Novaes.

O TCE julgou a auditoria especial irregular e aplicou multa para a prefeita Fátima Borba e para vários secretários municipais. Ainda cabe recurso da decisão, no próprio TCE.

Fátima Borba foi eleita em 2020 e reeleita em 2024.

LEIA TRECHO DO VOTO SOBRE O USO DE EMENDAS PIX

Segundo a auditoria, a Prefeitura de Cortês realizou compra de produtos hospitalares no valor de R$ 55.211,17 com recursos advindos a título de transferências especiais da União em 2023 sem a realização do processo de contratação direta.

Apesar de o valor empenhado estar dentro do limite permitido para a contratação direta, a formalização de seu processo é obrigatório, conforme se observa no art. 72 da Lei Federal nº 14.133/2021.

Segundo a auditoria, o município realizou despesas com combustíveis e lubrificantes no valor de R$ 175.140,83 (doc. 27) com recursos advindos a título de transferências especiais da União em 2023 e
2024 sem processo licitatório e sem contrato.

Quando questionado sobre o consumo de combustível, a Prefeitura, por meio do Ofício Gab nº 088/2024 (doc. 23) informou que não houve processos licitatórios específicos para as referidas transferências especiais da União (emendas PIX), recebidas no exercício financeiro de 2023.

Como é sabido, a licitação só pode ser dispensada nas hipóteses legais, o que não ocorreu no caso concreto.

Além disso, são exigidos do gestor antes de se firmar o contrato e, consequentemente, emitir a nota de empenho, que haja a cautela de se justificar, dentre outros, a dispensa, a escolha do fornecedor e o preço contratado, o que também não ocorreu.

Em relação ao processo de execução da despesa (empenho, liquidação e pagamento), verifica-se a contaminação deste pela ausência de processo licitatório e contrato.

Dessa forma, considero irregular o apontamento da auditoria, cabendo multa aos responsáveis, nos termos do inciso I, art. 73 da LOTCE.

O OUTRO LADO

Como sempre, fica aberto pelo site Jamildo.com o espaço à prefeita e aos demais interessados, caso queiram acrescentar informações a matéria.