Barroso rebate críticas de Tarcísio e defende transparência do STF em julgamento de Bolsonaro

Em meio ao julgamento de Bolsonaro, Barroso responde críticas de Tarcísio de Freitas e reforça que o processo será decidido com base em provas

Plantão Jamildo.com

por Plantão Jamildo.com

Publicado em 08/09/2025, às 18h21

Luis Roberto Barroso e Tarcísio de Freitas - Foto: Fellipe Sampaio/SCO/STF
Luis Roberto Barroso e Tarcísio de Freitas - Foto: Fellipe Sampaio/SCO/STF

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), tido, até então, como um político moderado, radicalizou seu discurso no ato bolsonarista da Avenida Paulista no domingo (7), e atacar, pela primeira vez, a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) e o ministro Alexandre de Moraes, principal algoz do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas que até outro dia falava secretamente ao telefone em uma tentativa de articulação para um alívio no enfrentamento entre o ex-presidente e a Corte.

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, defendeu nesta segunda-feira (8) a atuação da justiça no processo que tem o ex-presidente Bolsonaro como réu por tentativa de golpe de Estado. Em resposta indireta às críticas feitas por Tarcísio, que deve ser o nome da direita para concorrer contra Luiz Inácio Lula da Silva, em 2026, Barroso destacou que o julgamento se baseia em provas, e não em disputas políticas.

Não gosto de ser comentarista do fato político do dia e estou aguardando o julgamento para me pronunciar em nome do Supremo Tribunal Federal. A hora para fazê-lo é após o exame da acusação, da defesa e apresentação das provas para se saber quem é inocente e quem é culpado. Processo penal é prova, não disputa política ou ideológica”, disse Barroso, em nota enviada pela assessoria.

O ministro lembrou ainda os períodos da ditadura militar e afirmou que, diferentemente daquele momento, os julgamentos atuais são públicos e transparentes. “Tendo vivido e combatido a ditadura, nela é que não havia devido processo legal público e transparente, acompanhado pela imprensa e pela sociedade em geral. Era um mundo de sombras. Hoje, tudo tem sido feito à luz do dia”, declarou.

Luis Roberto Barroso e Tarcísio de Freitas

Críticas de Tarcísio em ato de 7 de Setembro

Ao lado de lideranças da oposição, como o pastor Silas Malafaia, Tarcísio de Freitas fez críticas diretas ao STF e ao ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal.

Ninguém aguenta mais a tirania de um ministro como Moraes. Ninguém aguenta mais o que está acontecendo nesse país. Eu faço um apelo... Devolvam o passaporte do Silas Malafaia. Devolvam o caderno de sermões do pastor Silas Malafaia”, afirmou Tarcísio.

A fala ocorreu após decisão de Moraes que determinou a apreensão do passaporte do pastor no Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro, em agosto. Em seu discurso, Malafaia acusou o ministro de perseguição religiosa e de impedir o livre exercício de sua função.

Durante o evento, que contou também com a presença de Michelle Bolsonaro (PL), o governador afirmou ainda que não aceitará “a imposição de um Poder sobre o outro” e cobrou do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), a votação da proposta de anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro. “Hugo, paute a anistia. Deixe a Casa decidir. E tenho certeza que ele vai fazer isso”, disse.

Boneco inflável de Donald Trump

Performance de Tarcísio no 7 de setembro

As falas duras de Tarcísio de Freitas ao STF podem ter sido alculadas com base nos trackings e pesquisas que ele consome diariamente, segundo a colunista do jornal O Globo, Malu Gaspar. Conforme apuração da jornalista, o governador de São Paulo precisar provar ao bolsonarismo que ele é fiel à causa e está disposto a fazer o que for preciso para defendê-la

Em segundo ponto, precisa mostrar aos líderes partidários que avaliam subir no barco com ele em 2026 que ele tem condições de dominar o eleitorado da direita e se contrapor a Lula de forma competitiva.

No dia 29 de agosto, Tarcísio deu o primeiro "check" aos bolsonaristas quando, em entrevista ao Diário do Grande ABC, prometeu dar indulto a Jair Bolsonaro como primeiro ato de eventual gestão como presidente da República.

Semana decisiva no STF

Julgamento de Jair Bolsonaro no STF

O julgamento de Bolsonaro e de outros sete aliados será retomado nesta terça-feira (9) pela Primeira Turma do STF. O relator, ministro Alexandre de Moraes, será o primeiro a votar, seguido por Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin.

Além do ex-presidente, são réus nomes como o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, o general da reserva Augusto Heleno, o ex-ministro da Defesa Paulo Sergio Nogueira e o general Walter Braga Netto.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) aponta que o grupo compôs o núcleo central da trama golpista, responsável por decisões estratégicas para manter Bolsonaro no poder após a derrota em 2022. A expectativa é de que a sentença, com a dosimetria das penas, seja anunciada até sexta-feira (12).