João Campos no interior: prefeito se ausenta de abertura junina do Recife para ir a Petrolina

Reduto do grupo de Miguel Coelho, Petrolina receberá figuras políticas na abertura de seu São João de 2025, João Campos estará na cidade no interior

Cynara Maíra

por Cynara Maíra

Publicado em 12/06/2025, às 06h52 - Atualizado às 08h21

João Campos irá para Petrolina, reduto eleitoral dos Coelho - Reprodução Instagram
João Campos irá para Petrolina, reduto eleitoral dos Coelho - Reprodução Instagram

Pela primeira vez desde que assumiu a Prefeitura do Recife, em 2021, João Campos (PSB) não participará da abertura oficial do São João da capital.

Nesta quarta-feira (12), o prefeito cumpre agenda política em Petrolina, no Sertão do estado, onde participa da abertura dos festejos juninos ao lado de aliados e nomes da política nacional.

A visita ocorre em um momento de ampliação das movimentações de Campos pelo interior de Pernambuco.

Mobilização de João Campos no interior de Pernambuco

Na programação, além da participação na festa, ele acompanha a apresentação do projeto da hidrovia do Rio São Francisco, ao lado do ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos), no auditório da Fundação Nilo Coelho.

O encontro ocorre às 10h e discute medidas para fortalecer a infraestrutura logística e o escoamento da produção agrícola da região.

À tarde, João terá uma reunião reservada com lideranças políticas no Hotel Nobile, no bairro Atrás da Banca, para articular apoios regionais. À noite, participa da abertura oficial do São João de Petrolina, no Pátio Ana das Carrancas, acompanhado da deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP), com quem mantém relacionamento.

João Campos em gesto com União Brasil de Miguel Coelho

A movimentação acontece em meio a especulações sobre a eleição estadual de 2026. Campos aparece como possível pré-candidato ao Governo de Pernambuco e tem buscado ampliar sua presença fora da Região Metropolitana, onde venceu com ampla vantagem as eleições de 2024, com cerca de 78% dos votos válidos.

O gesto de prestigiar o São João de Petrolina, comandado pelo grupo Coelho, tem simbolismo político.

O município é governado por Simão Durando (União Brasil), ex-vice-prefeito de Miguel Coelho, aliado de Campos e presidente estadual do UB.

Abertura do São João de Petrolina terá presença de diversas autoridades

Simão tem feito campanha ativa de valorização do ciclo junino local. A presença do prefeito do Recife também é vista como estratégia para reforçar laços com Miguel, que pleiteia uma das vagas ao Senado na chapa de João Campos, ao lado de Silvio Costa Filho e Marília Arraes (Solidariedade), também confirmados na festa.

O entorno político do evento terá nomes regionais e nacionais.

São esperadas as presenças do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e do presidente nacional do União Brasil, Antônio Rueda. A Família Coelho também comparecerá no reduto eleitoral. 

Internamente, a ida de João Campos ao Sertão tem relação com o objetivo do socialista de garantir a adesão do União Brasil à sua futura composição, apesar de dissidências como as de Mendonça Filho e da deputada estadual Socorro Pimentel, atual líder do governo Raquel Lyra (PSD) na Alepe.

Com a federação União Progressista (União Brasil + PP), a disputa entre Raquel e João se torna mais sensível. O União Brasil está oficialmente com o PSB, e o PP de Eduardo da Fonte com a governadora. O gesto de João em fortalecer o elo com Miguel Coelho é, nesse cenário, também um movimento preventivo para conter a perda de apoios no interior.

Do lado governista, Raquel, que tem base forte no interior e já administrou Caruaru, tem forte presença nessas regiões desde o início do mandato, o que faz com que agora a governadora tente ampliar a avaliação na RMR, enquanto João articula para se capilarizar em outras regiões. 

Enquanto Campos costura apoios a mais de 700 km da capital, a abertura oficial do São João do Recife será comandada por auxiliares da gestão, como seu vice e talvez sucessor, Victor Marques (PCdoB).

A ausência no início da festa junina da cidade representa o período de transição entre prefeito e candidato: menos restrita à capital, e cada vez mais voltada à construção de uma candidatura estadual com capilaridade regional.

Apesar da mobilização e da ausência, articuladores do PSB já afirmaram ao Jamildo.com que João continuará mantendo a presença no Recife, para evitar comentários de que estaria abandonando a cidade pela qual se elegeu. Grande parte das articulações regionais devem ser iniciadas por nomes do partidos.