Enquanto STF avalia recursos, ala na Papuda é reservada para Jair Bolsonaro

Bolsonaro se prepara para cumprimento de pena na Papuda, mas avalia pedido de prisão domiciliar enquanto STF analisa recursos pendentes

Plantão Jamildo.com

por Plantão Jamildo.com

Publicado em 02/11/2025, às 10h20

Ex-presidente Jair Bolsonaro
Ex-presidente Jair Bolsonaro - Antonio Augusto/STF

Bolsonaro tem espaço reservado na Papuda para cumprimento da pena.

Aliados afirmam que ex-presidente pode pedir prisão domiciliar.

STF analisará recursos na próxima semana antes da execução da pena.

Questões de saúde são citadas como argumento para eventual reversão do regime.

Presídio da Papuda já tem um espaço reservado para Jair Bolsonaro (PL), enquanto a Primeira Turma do Superior Tribunal Federal (STF) avalia os recursos do ex-presidente e de outros seis réus do chamado "núcleo crucual" da trama golpista.

A sessão será em plenário virtual, ou seja, os magistrados incluirão os votos eletronicamente. Ao encerrar essa etapa, o colegiado pode determinar o início do cumprimente de pena aos condenados.

No local, há um espaço reservado para ele no mesmo bloco que já abrigou deputados, doleiros e empresários, além de uma sala especial equipada para cumprir pena com estrutura similar à concedida ao presidente Lula durante a Operação Lava-Jato.

Bolsonaro planeja prisão domiciliar

Bolsonaro começou a organizar os próximos passos diante da contagem regressiva para o início do cumprimento da pena, segundo o portal Metrópoles. Fontes próximas afirmaram ao veículo jornalístico que o ex-presidente pretende tentar reverter a prisão para domiciliar assim que o cumprimento da pena seja determinado. 

Entre os argumentos possíveis para essa mudança está o estado de saúde de Bolsonaro, que já passou por pelo menos três internações e procedimentos cirúrgicos neste ano. Aliados também destacam crises de soluços que vêm se intensificando.

Problemas de saúde

Após um agravamento nas crises de soluço nos últimos dias, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, autorizou o ex-presidente a receber atendimento médico em casa. Moraes afirmou que, a partir de agora, a médica Marina Grazziotin Pasolini, indicada pela defesa, poderá realizar o atendimento ao ex-presidente, sem necessidade de autorização prévia do STF.

O ministro também ressaltou que Bolsonaro está autorizado a ser encaminhado para atendimento de urgência no hospital, devendo enviar a comprovação de atendimento no prazo de 24 horas.

Em setembro, Bolsonaro apresentou mal-estar, pré-síncope, vômitos com queda da pressão arterial e precisou ser internado Hospital DF Star, em Brasília.

Condenação no STF

Por 4 votos a 1, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete réus pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado e deterioração do patrimônio tombado.

Os ministros Cristiano Zanin, Cármen Lúcia, Flávio Dino e Alexandre de Moraes, relator do caso, votaram pela condenação. O ministro Luiz Fux divergiu e defendeu a absolvição. Esta é a primeira vez que um ex-presidente da República é condenado por tentativa de golpe de Estado na história do país.

Segundo a denúncia, assinada pelo subprocurador Paulo Gonet, Bolsonaro teria liderado, entre 2021 e 2023, um grupo que discutia medidas para anular o resultado eleitoral. O órgão aponta reuniões com militares, transmissões ao vivo contra o sistema eletrônico de votação e a edição de documentos que dariam respaldo jurídico a uma ruptura institucional.

A PGR também sustenta que o ex-presidente tinha conhecimento e concordância com o plano denominado “Punhal Verde e Amarelo”, que previa atentados contra Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes. Além disso, a acusação cita suposto uso irregular de informações da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF) durante o pleito de 2022.

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) fixou a pena do ex-presidente Jair Bolsonaro em 27 anos e 3 meses. A condenação inclui 24 anos e 9 meses de reclusão e 2 anos e 6 meses de detenção, além de 124 dias-multa, calculados no valor de um salário mínimo cada. O regime inicial será o fechado.

Bolsonaro foi condenado por cinco crimes: liderança de organização criminosa, tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.