Álvaro Porto critica Raquel Lyra e afirma que empréstimo de R$ 1,7 bilhão "não tem pressa"

Álvaro Porto chamou governo de Raquel Lyra de "sem gestão" e "autoritário". Deputada Socorro Pimentel defendeu governadora e pontuou avanços de nova gestão

Cynara Maíra

por Cynara Maíra

Publicado em 21/10/2025, às 08h41 - Atualizado às 09h45

Socorro Pimentel sorri enquanto segura mãos de Álvaro Porto, que também sorri
Álvaro Porto e Socorro Pimentel discordaram no plenário sobre atuação do Legislativo em relação ao governo Raquel Lyra

Crítica Principal: O presidente da Alepe, Álvaro Porto, acusou Raquel Lyra de ter recursos para obras mas não executar por "falta de gestão" e de culpar indevidamente o Legislativo.

Estopim: A revelação de que o empréstimo de R$ 1,4 bilhão assinado recentemente não era o aprovado em setembro, mas sim de uma lei de 2024 (PEF).

Empréstimo de R$ 1,7 Bilhão: A líder do governo, Socorro Pimentel, pediu a votação do novo empréstimo, mas Porto respondeu que "não tem pressa", pois o recurso seria para 2026.

Baixa Execução: Porto afirmou que a Alepe autorizou mais de R$ 11 bilhões em empréstimos, mas o governo só contratou 33% e utilizou 19%.

Defesa do Governo: Socorro Pimentel rebateu as críticas, culpou a gestão anterior do PSB pelo "sucateamento" do estado e acusou a oposição de tentar paralisar o governo.

O presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), deputado Álvaro Porto (PSDB), subiu o tom das críticas contra a governadora Raquel Lyra (PSD) durante a reunião plenária de segunda-feira (20). Líder do Governo, Socorro Pimentel (UB) falou que existe desejo da oposição de paralisar os trabalhos da governadora no estado

Porto acusou a gestora de tentar enganar a população ao vincular o início de obras como o Arco Metropolitano à aprovação de um empréstimo de R$ 1,5 bilhão pela Alepe em setembro, afirmando que o governo já tinha recursos autorizados anteriormente, mas não os utilizou por "falta de gestão".

Álvaro ainda afirmou que o contrato de R$ 1,4 bilhão assinado pela governadora com o Banco do Brasil na última semana não se referia ao empréstimo aprovado em setembro, mas sim a uma autorização mais antiga, de 2024, ligada ao Plano de Promoção do Equilíbrio Fiscal (PEF).

"A narrativa de que os parlamentares estavam atrasando as obras [...] caiu por terra. O Governo sempre teve o dinheiro para fazer as obras e não fez por incompetência", defendeu Porto.

Em resposta, a líder do governo na Alepe, deputada Socorro Pimentel (União Brasil), defendeu a gestão Raquel Lyra, atribuiu as dificuldades ao "descaso" da administração anterior do PSB e acusou a presidência da Casa de dificultar a tramitação de projetos. Pimentel pediu que Porto colocasse em votação um novo pedido de empréstimo, no valor de R$ 1,7 bilhão, enviado pelo Executivo em junho.

Governo "sem gestão" e "autoritário", diz Porto

Álvaro Porto rebateu a fala da governadora Raquel Lyra de terça-feira (14), quando ela pediu ajuda a quem "está torcendo contra Pernambuco". O presidente da Alepe classificou a declaração como "total falta de respeito" e um reflexo do "desespero de quem não consegue fazer as entregas prometidas".

Porto argumentou que a Alepe já autorizou mais de R$ 11 bilhões em operações de crédito para o governo nos últimos dois anos, mas que a gestão estadual só conseguiu contratar cerca de 33% desse montante e utilizou (pagou) apenas 19%.

Ele citou exemplos de leis aprovadas em 2024 que autorizaram empréstimos junto ao BNDES (R$ 652 milhões) e ao BIRD (R$ 275 milhões) que, segundo ele, sequer tiveram os pedidos registrados no sistema do Tesouro Nacional. "O problema não é falta de dinheiro, é falta de gestão", reiterou.

Ao responder diretamente ao pedido de Socorro Pimentel para votar o empréstimo de R$ 1,7 bilhão, Porto afirmou que estava analisando a proposta, mas que não via urgência.

"Eu to analisando esse projeto e a gente ta vendo que é uma coisa que não tem pressa", declarou o presidente da Alepe, justificando que o recurso seria para o "espaço fiscal do próximo ano" (2026).

"Para que ter pressa se tem 11 bilhões que essa casa aprovou e o governo não faz nada?", questionou, classificando o governo como "autoritário, arrogante, prepotente".

Socorro Pimentel diz que oposição deseja paralisar obras de Raquel Lyra

Socorro Pimentel defendeu a governadora, afirmando que a gestão atual lida com um estado "sucateado" pela gestão anterior (de Paulo Câmara ) e enfrenta "manobras" de parlamentares para dificultar projetos.

Ela listou entregas do governo na área da saúde e pediu "imparcialidade" a Porto. "Não existe da parte do Governo uma terceirização da responsabilidade, o que de fato existe é um desejo de paralisar o trabalho da atual gestão. A demora, a letargia não é do Executivo”, cravou.

Os deputados Izaías Régis (PSDB), Wanderson Florêncio (Solidariedade) e Joãozinho Tenório (PRD) também defenderam o governo.

O pedido de empréstimo de R$ 1,7 bilhão, foco da discórdia, foi enviado pela governadora à Alepe em 5 de junho de 2025 e, apesar de já ter passado pelas comissões, ainda aguarda votação no plenário.