Bancada do PT e PSOL divulga carta ao presidente Lula em defesa do metrô público

Audiência pública na Alepe reúne posicionamento de parlamentares do PT e PSOL, trabalhadores e movimentos sociais em defesa da gestão pública do Metrô

Jamildo Melo

por Jamildo Melo

Publicado em 21/10/2025, às 08h22 - Atualizado às 08h40

Painel de LED na rua com foto de Lula escrito "Bolsonaro privatizou o metrô de BH, Lula, teu governo vai privatizar o Metrô do Recife?"
Metroviários já até colocaram mensagem em painéis de LED de locais próximo a agendas de Lula em Pernambuco - Reprodução

Em audiência pública realizada na Comissão de Administração Pública da Assembleia Legislativa de Pernambuco, foi assinada a Carta ao Presidente Lula em Defesa do Metrô Público e contra a Privatização.

O documento será entregue ao presidente da República em Brasília e reúne o posicionamento de parlamentares, trabalhadores, especialistas, movimentos sociais e usuários do metrô, que defendem o fortalecimento da gestão pública federal do sistema como condição essencial para garantir o direito à mobilidade, a modernização do serviço e a justiça social.

A audiência contou com a participação de representantes da sociedade civil comprometidos com a defesa do patrimônio público.

A audiência foi realizada a partir da iniciativa do deputado João Paulo (PT), em parceria com a deputada Rosa Amorim.

“O que está em jogo é o direito à mobilidade da população trabalhadora. O metrô é essencial para a vida das pessoas, para o meio ambiente e para o desenvolvimento da Região Metropolitana. É dever do Estado modernizar e ampliar o sistema, não o entregar à lógica do lucro.”, disse o parlamentar, em comunicado ao site Jamildo.com.

Com a ajuda do Setorial Nacional de Transportes do PT, a carta defende que a gestão pública federal seja mantida e fortalecida com investimentos estruturantes.

Segundo o documento, a privatização representa risco de aumento de tarifas, perda de controle social e manutenção do aporte público para garantir lucro privado — modelo já adotado no metrô de Belo Horizonte durante o governo Bolsonaro.

“Esta audiência não é para debater a forma da privatização; é para reforçar politicamente que a alternativa para o transporte público da Região Metropolitana do Recife não é a privatização. Estamos aqui para defender o direito do povo ao transporte público.” Para a deputada Dani Portela (PSOL), o processo de sucateamento é deliberado: “O projeto é precarizar para privatizar. No caso do metrô do Recife, os trabalhadores chegaram a fazer cotas para comprar peças para o sistema. Por isso precisamos de um metrô público e com investimento permanente.”, afirmou Rosa Amorim.

O historiador, comunicador e militante do PCB, Jones Manoel, também participou do debate.

“Precisamos cobrar do presidente que não venda o metrô, mas que também não permita privatizar a Compesa, o que só pode acontecer com a participação do BNDES.”, disse ele.

Para os organizadores, a declaração reforçou o entendimento de que a luta contra a privatização do metrô está diretamente ligada à defesa de outros serviços essenciais, como o saneamento básico, ameaçado pelo mesmo modelo de concessão privada.

O presidente do SindMetro-PE e da Federação Nacional dos Metroviários (Ferametro), Luiz Soares, lembrou que experiências anteriores de privatização trouxeram prejuízos à população.

 “A privatização não dá certo em lugar nenhum. Aqui, a Celpe piorou o serviço e aumentou as tarifas. Em Londres, o metrô foi privatizado e está sendo reestatizado, porque não deu certo. Privatizar não é modernizar — é andar na contramão.” Já o gerente regional de manutenção do Metrô do Recife, Adalberto Nunes de Siqueira, alertou para os impactos da falta de recursos: “Por falta de investimentos, tivemos que suspender o serviço aos domingos e reduzir a velocidade dos trens. O metrô necessita de recursos urgentes para garantir a segurança e o atendimento ao usuário.”

No evento, o superintendente interino da CBTU-Recife, Pietro Duarte, destacou a capacidade técnica dos funcionários.

“A CBTU tem profissionais de excelência que, com o investimento necessário, podem liderar o processo de reestruturação. Os trabalhadores vestem a camisa e são fundamentais para a operação do sistema.”
A carta ressalta que o metrô deve ser consolidado como política de Estado — instrumento estratégico de integração metropolitana, mobilidade sustentável e redução das desigualdades. A entrega em Brasília marcará um apelo nacional pelo fortalecimento do transporte público como direito social, vetor de desenvolvimento e compromisso com a soberania do Estado frente à pressão privatista.