Volume empenhado supera R$ 480 milhões no estado; dados da plataforma Central das Emendas mostram quem lidera a destinação dos recursos
por Plantão Jamildo.com
Publicado em 03/08/2025, às 11h04 - Atualizado às 11h11
Pernambuco já acumula R$ 480,85 milhões empenhados em emendas parlamentares neste ano, segundo dados do portal Central das Emendas. Desse montante, ao menos R$ 209,33 milhões foram efetivamente pagos até a última atualização, em 21 de julho. Os valores se referem a 96 emendas indicadas por deputados federais e senadores do estado e seguem o teto previsto de R$ 68,5 milhões por senador e R$ 37,3 milhões por deputado federal.
O levantamento atualizado traz uma radiografia do empenho por parlamentar e por partido. O deputado Eduardo da Fonte (PP) lidera com R$ 35,9 milhões empenhados. Em seguida aparecem Lula da Fonte (PP), com R$ 28 milhões; e os senadores Teresa Leitão (PT), com R$ 26,3 milhões; e Humberto Costa (PT), com R$ 22,7 milhões.
Outros parlamentares que figuram entre os dez primeiros em valores empenhados são Fernando Dueire (MDB), Iza Arruda (MDB), Clodoaldo Magalhães (PV), André Ferreira (PL), Waldemar Oliveira (Avante) e Ossesio Silva (Republicanos).
No recorte partidário, o PP lidera com R$ 96,2 milhões empenhados, seguido por PSB (R$ 75 milhões), PT (R$ 64,8 milhões), PL (R$ 53,6 milhões) e União Brasil (R$ 43,1 milhões). O MDB aparece com R$ 37,5 milhões, enquanto Republicanos tem R$ 34 milhões.
Na outra ponta do levantamento, o deputado Coronel Meira (PL) aparece com o menor volume empenhado até agora: R$ 3,06 milhões. Os dados foram extraídos do Portal da Transparência da Controladoria-Geral da União em 21 de julho.
Para o fundador da Central das Emendas, Bruno Bondarovsky, o principal desafio está na fiscalização do uso dos recursos. Em entrevista à coluna do jornalista Guilherme Amado, do portal PlatôBR, Bondarovsky afirmou que o modelo atual transfere a responsabilidade para os tribunais de contas estaduais e municipais, sem um protocolo diferenciado para as emendas.
“É difícil para o Tribunal de Contas da União fiscalizar o que acontece nos 5.570 municípios. É um desafio técnico, que vai cair para os tribunais de contas estaduais e, no caso de São Paulo e Rio, municipais. Só que, para eles, as emendas não são diferentes das outras contas”, disse Bondarovsky.
O balanço de execução das emendas parlamentares em Pernambuco em 2024 mostra que foram empenhados R$ 1,12 bilhão ao longo do ano, com R$ 932,45 milhões efetivamente pagos. Ao todo, foram 325 emendas, das quais a maioria (68,57%) corresponde a emendas individuais com destinação definida, enquanto 31,45% foram transferências especiais — as chamadas emendas Pix, que permitem maior liberdade de aplicação pelos municípios. Os dados são da Central das Emendas.
A análise funcional do destino dos recursos empenhados mostra predominância de áreas sociais e estruturais. A saúde concentrou o maior volume, com R$ 618,7 milhões empenhados, seguida por encargos especiais, que somaram R$ 352,5 milhões. Os setores de urbanismo (R$ 50,5 milhões), assistência social (R$ 19,9 milhões), segurança pública (R$ 14,6 milhões) e educação (R$ 14,1 milhões) também figuram entre os que receberam maiores aportes.
Outras áreas, como esportes e lazer (R$ 10 milhões), direitos humanos (R$ 10 milhões) e cultura (R$ 9,5 milhões), também receberam repasses. Setores com menores volumes empenhados incluem comércio e serviços (R$ 4,2 milhões), trabalho (R$ 3,9 milhões), defesa nacional (R$ 6 milhões), ciência e tecnologia (R$ 1,8 milhão) e agricultura (R$ 1,4 milhão). Já gestão ambiental, transporte, saneamento e administração tiveram valores inferiores a R$ 1 milhão cada.
Segundo uma pesquisa do Instituto Quaest divulgada em julho, 72% dos brasileiros disseram não saber que os parlamentares têm à disposição o total de R$ 50 bilhões em emendas parlamentares. 27% dos entrevistados afirmarem ter conhecimento desse valor, enquanto 1% não souberam ou preferiram não responder.
Além do desconhecimento, a população brasileira tem uma percepção negativa sobre o uso desses recursos. 82% dos entrevistados acreditam que as verbas se tornam alvo de corrupção ou são desviadas. Somente 9% acreditam que os recursos de fato chegam às cidades e beneficiam a população. Outros 9% não responderam ou não souberam opinar.
O Instituto Quaest ainda perguntou se os entrevistados eram favoráveis ou não à prerrogativa das emendas parlamentares. 46% se mostraram contrários, enquanto 38% se disseram favoráveis. Os que não souberam ou preferiram não responder somam 16%.
A pesquisa ouviu 2.004 pessoas com 16 anos ou mais, em todas as regiões do país, entre os dias 10 e 14 de julho. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, com um nível de confiança de 95%.