Levantamento do BNB aponta recuo de 2,98% no preço da cesta básica em agosto. Queda ocorre em cenário de tarifaço dos EUA
por Cynara Maíra
Publicado em 17/09/2025, às 09h47 - Atualizado às 10h28
A Região Nordeste registrou a maior redução no preço da cesta básica do país em agosto, com uma queda de 2,98% em relação a julho.
O recuo ocorre em meio ao impacto do tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. A medida acaba por impactar a dinâmica de preços no mercado interno.
O levantamento, realizado pelo Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (Etene) a partir de dados do Dieese, aponta que o custo médio para o nordestino adquirir os 13 itens da cesta foi deR$ 643,00. O Etene é a área de pesquisas do Banco do Nordeste.
O efeito deflacionário temporário pode ser explicado, em parte, pelo redirecionamento de produtos de exportação, como frutas e peixes, para o mercado doméstico, aumentando a oferta interna.
Quatro capitais do Nordeste lideraram as reduções no país. A maior queda foi registrada em Maceió (-4,10%), seguida por Recife (-4,02%), João Pessoa (-4,00%) e Natal (-3,73%).
Na capital pernambucana, o custo da cesta básica ficou em R$ 629,14 em agosto.
Apesar da tendência de queda, Fortaleza apresentou o maior custo da região (R$ 723,06), enquanto Aracaju teve o menor (R$ 558,16).
Dados de um levantamento distinto, da Cesta de Consumo Neogrid & FGV IBRE, mostravam que em julho a capital cearense já havia registrado queda mensal de 1,57%.
Dos 13 produtos que compõem a cesta, 12 tiveram queda de preço no Nordeste em agosto, com destaque para o tomate (-16%), o arroz (-3,1%) e o feijão (-2,2%).
O único item que registrou alta foi a banana (+0,8%). No acumulado do ano, contudo, as maiores altas na região são do café (+47,3%) e do tomate (+46,8%).
O economista Ricardo Vidal, coordenador de pesquisas do Etene, falou sobre o caso ao tentar prever os próximos movimentos dos alimentos da cesta básica.
"Como a maioria dos produtos sofreu reduções no mês, à exceção da banana, talvez se inicie uma inflexão para baixo, reduzindo ainda mais a variação em doze meses. Um dos problemas se encontra no café, que pode ser resiliente a baixas mais significativas”, afirmou.
Apesar de no curto prazo o tarifaço baratear itens de exportação para o mercado interno, a alta demanda de outros mercados por carne bovina brasileira elevou os preços do produto em julho, com avanço de 12,63% em São Paulo, por exemplo.
Além disso, para o Nordeste, o tarifaço norte-americano representa um risco para a economia de polos exportadores, como o Vale do São Francisco, podendo desestimular produtores e reduzir a renda local.
A tendência de queda nos preços da cesta básica em agosto segue o movimento já observado em julho por outra pesquisa, que apontou uma redução média de 1,75% no Brasil. Naquele mês, Salvador foi a única capital analisada a registrar alta nos preços (0,56%), contrariando o cenário nacional.