Pesquisa mostra que China aumentou sua popularidade no Brasil, enquanto EUA despenca após tarifaço. Compra de Lula ajuda o Nordeste
por Cynara Maíra
Publicado em 27/08/2025, às 09h56 - Atualizado às 10h10
O Governo Federal anunciou a compra de sete produtos agrícolas afetados pelo aumento de tarifas dos Estados Unidos, em uma medida que busca aliviar os prejuízos de produtores, principalmente no Nordeste.
Enquanto o governo Lula (PT) tenta conter os impactos econômicos, a pesquisa Quaest mostra uma queda acentuada na imagem positiva dos EUA entre os brasileiros, enquanto a popularidade da China cresce.
A compra, estabelecida por portaria interministerial, inclui açaí, uva, água de coco, mel, manga, pescados e castanhas. Estes produtos, que não entraram na lista de 700 exceções do governo norte-americano, agora enfrentam uma taxação de 50% para ingressar no país.
Os alimentos serão adquiridos sem licitação, com recursos de programas já existentes, como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Os itens abastecerão a merenda de instituições públicas de ensino, hospitais, restaurantes universitários e as Forças Armadas.
A governadora Raquel Lyra (PSD) também cogitava introduzir a manga na merenda escolar da rede estadual de ensino para conter os impactos do tarifaço.
A medida trouxe alívio para setores produtivos da região. No Vale do São Francisco, polo de fruticultura irrigada entre Pernambuco e Bahia, a expectativa de exportar 48 mil toneladas de manga para os EUA pode cair para 13 mil toneladas com as novas taxas.
A Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas) também celebrou a decisão. O diretor executivo da entidade, Eduardo Brandão, disse ao portal Movimento Econômico que a portaria será “um alívio” para os produtores, especialmente os pequenos.
Enquanto o governo age para mitigar os danos econômicos, o impacto do "tarifaço" já se reflete na opinião pública.
Segundo pesquisa Genial/Quaest, a imagem positiva que os brasileiros têm da China saltou de 34% para 49% entre outubro de 2024 e agosto de 2025.
No mesmo período, a avaliação favorável sobre os Estados Unidos caiu de 56% para 44%. O percentual de brasileiros com imagem negativa dos EUA cresceu de 25% para 48%. A queda foi mais acentuada entre os eleitores do presidente Lula, segmento em que a aprovação ao país despencou de 51% para 23%.
A medida do governo federal responde a uma demanda que vinha sendo construída desde o anúncio das sobretaxas. Em julho, a governadora Raquel Lyra já havia solicitado ao Governo Federal linhas de crédito e medidas compensatórias, alertando para um impacto de R$ 377 milhões na economia de Pernambuco, segundo dados da Fiepe.