Em entrevista ao NYT, o presidente brasileiro afirmou que o interesse é vender "para quem quer pagar mais"
por Clara Nilo
Publicado em 30/07/2025, às 11h10 - Atualizado às 12h03
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi capa do jornal estadunidense New York Times, nesta quarta-feira (30), em entrevista sobre o momento de crise entre o Brasil e os Estados Unidos. Na publicação, o chefe de Estado brasileiro falou sobre suas estratégias caso a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros seja realmente aplicada a partir de 1 de agosto.
"Eu pedi para entrar em contato [com Trump]. Designei meu vice-presidente, meu ministro da Agricultura, meu ministro da Economia, para que cada um pudesse conversar com seu homólogo e entender qual era a possibilidade de diálogo. Até agora, não foi possível [o contato]", explicou Lula quando indagado sobre a tentativa de conversar com o presidente americano.
O petista afirmou que espera que a civilidade retorne à relação entre os dois países e que, "sem dúvida", a carta enviada por Trump não "tem o tom de alguém que quer conversar".
Quando perguntado sobre o que irá acontecer caso as tarifas sejam realmente aplicadas, Lula disse que não irá "chorar pelo leite derramado" e que é necessário esperar para ver o que irá acontecer.
"Se os Estados Unidos não quiserem comprar algo nosso, vamos procurar alguém que queira. Temos uma relação comercial extraordinária com a China", ressaltou o presidente.
"Se os Estados Unidos e a China quiserem uma Guerra Fria, não aceitaremos. Não tenho preferência. Tenho interesse em vender para quem quiser comprar de mim — para quem pagar mais", acrescentou.
"Nem meu pior inimigo poderia dizer que Lula não gosta de negociar. Aprendi política negociando. Não tenho nada contra a ideologia de Trump. Trump é uma questão para o povo americano lidar. Eles votaram nele. Fim da história. Não vou questionar o direito soberano do povo americano, porque não quero que questionem o meu", concluiu Lula.
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