Protesto no Recife: em mobilização nacional, gestores de autoescolas fazem ato contra novas regras da CNH

Protesto de CFCs no Recife é contra consulta pública do Governo Federal que pode tornar aulas das autoescolas opcionais para obter CNH

Cynara Maíra

por Cynara Maíra

Publicado em 23/10/2025, às 09h02 - Atualizado às 09h36

Fila com vários carros escrito autoescola na lateral
Gestores de Autoescolas criticam proposta de tornar opcional as aulas de direção antes da retirada da CNH - Antonio Cruz/Agência Brasil

Protesto no Recife: Autoescolas realizam manifestação nesta quinta-feira (23), a partir das 10h, contra mudanças na CNH.

Motivo: O ato é contra a proposta do Governo Federal de tornar as aulas em autoescolas opcionais, discutida em consulta pública.

Percurso: A carreata sairá da Fábrica Tacaruna, seguirá pela Av. Agamenon Magalhães até o Pina, retornando até a Alepe, com previsão de término às 13h.

Mobilização Nacional: Protestos semelhantes ocorrem em outros estados, como São Paulo, organizados pela Feneauto.

Debate: A proposta divide opiniões; defensores da mudança citam alto custo e modelos internacionais, enquanto críticos apontam riscos à segurança e a necessidade de reformar, e não eliminar, a formação.

Os Centros de Formação de Condutores de Pernambuco (CFCs), representados por seus sindicatos, realizam um protesto nas ruas do Recife nesta quinta-feira (23).

A manifestação, de caráter pacífico, defende a manutenção da obrigatoriedade das autoescolas no processo para obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e busca valorizar os profissionais do setor.

O ato faz parte de uma mobilização nacional contra uma consulta pública aberta pelo Ministério dos Transportes que propõe tornar as aulas em autoescolas opcionais. Em São Paulo, um protesto similar ocorre com cerca de 200 veículos de autoescolas estacionados na Ponte Estaiada desde a noite anterior.

A manifestação no Recife é organizada pelo Sindicato dos Centros de Formação de Condutores de Pernambuco (SindCFC-PE) e pelo Sindicato dos Trabalhadores, Diretores e Instrutores de Autoescolas e Centros de Formação de Condutores do Estado (SINTRAINSTRU-PE).

O objetivo é chamar a atenção do Governo Federal e do presidente Lula (PT) para a importância da formação profissional de condutores. As entidades pedem a criação de um grupo de trabalho para discutir a modernização do setor sem comprometer a segurança no trânsito ou os empregos gerados.

Roteiro do protesto no Recife

A concentração do ato começará às 10h, na Avenida Agamenon Magalhães, em frente à Fábrica Tacaruna, ocupando duas faixas de rolamento. O percurso seguirá em direção ao Viaduto Joana Bezerra, indo até o Polo Pina, na Zona Sul.

Em seguida, a carreata retorna pela mesma via até a área do antigo Bompreço do Parque Amorim, na Boa Vista.

O trajeto continua pela Rua da Soledade e Avenida Conde da Boa Vista. Os organizadores planejam encerrar o protesto às 13h, nas proximidades da Praça da República, em frente à Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). Os organizadores garantem que não haverá bloqueio total das vias durante o protesto.

Consulta pública e debate nacional

A consulta pública do Ministério dos Transportes, que motivou os protestos, fica aberta até o dia 2 de novembro e já registrou participação recorde, superando 32 mil sugestões.

A Federação Nacional das Autoescolas (Feneauto), presidida por Ygor Valença (que também lidera o SindCFC-PE), articula ações políticas e jurídicas para interromper a consulta e manter o modelo atual.

O debate sobre a obrigatoriedade das autoescolas divide opiniões. Argumentos a favor da flexibilização incluem:

  • O alto custo da CNH (que pode passar de R$ 4 mil), que funcionaria como barreira de acesso e levaria à "fuga do sistema"
  • A existência de modelos diferentes em países com trânsito mais seguro, focados na qualidade dos exames
  • Visão de que acidentes estão mais ligados a comportamento do que à formação técnica.

Por outro lado, argumentos contra o fim da obrigatoriedade defendem que:

  • As autoescolas são o primeiro contato formal com a legislação e a direção defensiva
  • O problema atual é a qualidade da formação, necessitando de reforma e não abandono
  • Alto custo da CNH envolve também taxas e exames, não apenas as aulas.

O presidente do SindCFC-PE, Ygor Valença, afirma que o setor é responsabilizado injustamente pelos acidentes, que, segundo ele, decorrem da falta de fiscalização e de normas eficazes.