Metroviários deflagram greve por tempo indeterminado e pedem melhorias no Metrô do Recife

Paralisação do Metrô do Recife foi aprovada em assembleia na quinta (30); categoria cita sucateamento e incêndio recente como motivos

Cynara Maíra

por Cynara Maíra

Publicado em 31/10/2025, às 08h10

Luiz Soares fala em microfone em frente para grupo de homens
Metroviários deflagraram greve para iniciar no domingo (02)

Greve Aprovada: Metroviários de Pernambuco aprovam greve por tempo indeterminado a partir da meia-noite de domingo (2).

Motivo: A categoria protesta contra o sucateamento do sistema e o processo de privatização, cobrando investimentos federais para manutenção.

Incêndio Recente: A decisão ocorre dias após um trem pegar fogo na Linha Centro, no último sábado (25), evento que o sindicato aponta como reflexo da precarização.

Privatização: O Sindmetro-PE cobra a promessa de campanha de Lula contra a privatização, enquanto o Governo Federal e Estadual avançam no plano de concessão.

Novos Planos: Em paralelo, estudo do BNDES divulgado nesta quinta (30) prevê até R$ 14,8 bilhões para requalificar o metrô e criar novas linhas de VLT/BRT no Recife, também citando concessões.

Os metroviários de Pernambuco aprovaram, em assembleia geral na quinta-feira (30), a deflagração de uma greve por tempo indeterminado a partir da meia-noite do próximo domingo (2).

A decisão ocorre menos de uma semana após um incêndio atingir um trem da Linha Centro, no último sábado (25). O incidente, que não deixou feridos, levou à interdição parcial do ramal Camaragibe, que segue sem previsão de retorno. Para o sindicato, o fogo é um reflexo direto da precarização do sistema.

O Sindicato dos Metroviários de Pernambuco (Sindmetro-PE) cobra do Governo Federal a liberação imediata de recursos para manutenção e modernização da frota e critica o processo de concessão do equipamento à iniciativa privada.

A paralisação afetará toda a operação do Metrô do Recife, que transporta cerca de 170 mil passageiros diariamente.

Crise, Incêndio e Privatização

A categoria alega que o sistema enfrenta um sucateamento crônico, operando com frota reduzida e falhas constantes.

Um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) de 2024 classificou a qualidade do serviço como "baixíssima", apontando que a receita do Metrô cobre apenas um quinto dos custos, o que leva à dependência de aportes federais.

Desde setembro de 2024, o sistema não opera aos domingos para manutenções.

Para o vice-presidente do Sindmetro-PE, Thiago Mendes, o sucateamento é uma "decisão política" para justificar a privatização. "A gente entende que essa movimentação que fizemos vai garantir que possamos apresentar o outro lado da história [...] privatizar não é a solução”, afirmou.

Os metroviários cobram o cumprimento da promessa de campanha do presidente Lula de que o Metrô do Recife não seria privatizado. O Governo Federal, no entanto, tem avançado nos planos de repassar a gestão à Raquel Lyra, que já sinalizou a intenção de conceder o equipamento à iniciativa privada, com leilão previsto para 2026.

O BNDES prevê um investimento de R$ 3,4 bilhões para a requalificação do sistema através da concessão.

"O presidente precisa nos ouvir e suspender qualquer processo de privatização, garantindo recursos e diálogo", declarou Luiz Soares, presidente do Sindmetro-PE.

Governo estuda investimentos

Enquanto os metroviários anunciam greve, o Governo Federal sinaliza investimentos para a mobilidade na RMR.

Um estudo do BNDES e do Ministério das Cidades, divulgado na quinta (30), prevê até R$ 14,8 bilhões para a requalificação do metrô (38km) e implantação de novos corredores de VLT e BRT (118km) na região.

O estudo, no entanto, também aponta para o uso de concessões e parcerias privadas como ferramenta para acelerar os investimentos.