Após incêndio, metroviários discutem greve e pressionam governo Lula por investimentos

Assembleia vai tratar de segurança no sistema metroviário, cobrança por recursos federais e possível indicativo de greve após incidente na Linha Centro

Plantão Jamildo.com

por Plantão Jamildo.com

Publicado em 28/10/2025, às 17h44 - Atualizado às 17h45

Reprodução/Instagram/@igoravozdopovo
Reprodução/Instagram/@igoravozdopovo

O Sindicato dos Metroviários de Pernambuco (Sindmetro-PE) realizará, nesta quinta-feira (30), uma Assembleia Geral Extraordinária na Praça de Greve, instalada na Estação Central do Metrô do Recife. A reunião foi convocada para discutir condições de segurança no sistema, cobrar o repasse de recursos federais destinados à recuperação da malha metroviária e deliberar sobre a possibilidade de deflagração de greve.

O ato ocorre dias após o incidente registrado em 25 de outubro, quando uma composição da Linha Centro apresentou princípio de incêndio no trecho entre as estações Curado e Alto do Céu. O trem foi evacuado e ninguém ficou ferido. A condução da ocorrência ficou a cargo do maquinista Antônio Carlos Bezerra, que atua no sistema há 38 anos.

A direção sindical afirma que o episódio reflete a situação estrutural do Metrô do Recife, que opera com equipamentos antigos, falhas recorrentes e atrasos na liberação de investimentos. Segundo o Sindmetro-PE, a responsabilidade pela manutenção e modernização do sistema é do governo federal, por meio do Ministério das Cidades.

Em nota, a entidade argumenta que o caso expõe a necessidade de medidas imediatas. “O que ocorreu no sábado é reflexo direto da negligência com o transporte sobre trilhos em Pernambuco. Não podemos esperar que uma tragédia aconteça para que medidas concretas sejam tomadas”, registra o sindicato.

A categoria informa que seguirá cobrando providências e afirma que a segurança de usuários e trabalhadores deve ser tratada como prioridade. O Sindmetro-PE também convocou a população a acompanhar as mobilizações e a apoiar a recuperação do sistema metroviário.

Pane elétrica

O incêndio ocorreu por volta das 13h do sábado, quando um trem que seguia entre as estações Curado e Alto do Céu, no ramal Camaragibe, pegou fogo. Segundo a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), a causa foi um curto-circuito na rede aérea de energia.

Imagens mostraram chamas e fumaça saindo de um vagão, enquanto passageiros ainda estavam dentro. Ninguém ficou ferido.

O fogo atingiu totalmente um vagão e parcialmente outros dois. O incidente causou problemas de energia nos dois ramais da Linha Centro (Camaragibe e Jaboatão), levando à interdição de todas as 19 estações. A CBTU abriu uma comissão interna para apurar o caso.

No domingo (26), a companhia informou que os reparos no ramal Jaboatão foram concluídos e a operação seria retomada na segunda-feira (27); o ramal Camaragibe, onde ocorreu o incêndio, segue sem previsão de retorno.

Mobilização do governo federal

Após o incêndio, o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos), anunciou que solicitará uma reunião emergencial para discutir a situação do Metrô do Recife.

A ideia do ministro é reunir os ministros Rui Costa (Casa Civil) e Jader Filho (Cidades), o governador em exercício Ricardo Paes Barreto, e prefeitos da Região Metropolitana. O objetivo é debater medidas emergenciais para garantir a segurança dos usuários e discutir melhorias para o sistema, que deve ir para concessão privada em breve.

O metrô do Recife é um importante modal que transporta milhares de pernambucanos diariamente. O episódio de hoje reforça a necessidade de discutir medidas emergenciais para garantir que a segurança seja reestabelecida e que um conjunto de ações em melhorias possam ser feitas", avaliou Costa Filho. O ministro informou que já entrou em contato com Rui Costa, Jader Filho e Paes Barreto sobre o ocorrido.

Crise no Metrô do Recife

O sistema metroviário da Região Metropolitana do Recife, operado pela CBTU, atravessa um longo período de deterioração estrutural e financeira. Em setembro, os metroviários foram à Brasília para uma audiência pública apontar que o sucateamento do modal é resultado de subfinanciamento crônico e de gestão considerada insuficiente, somado a tentativas anteriores de privatização.

A categoria pede que haja a retirada definitiva da CBTU do PND, a garantia de investimentos federais para recuperação e expansão dos sistemas e criação de um grupo interministerial para discutir uma política nacional de transporte metroferroviário.

O governo federal, no entanto, não dá indícios que há disposição para negociação. Em agosto, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou que tudo está pronto para a transferência da responsabilidade do governo federal para a gestão Raquel Lyra (PSD), para que, sob gestão do estado, aconteça o leilão para a empresa vencedora.

Após o leilão, o governo federal pretende desembolsar cerca de R$ 3 bilhões via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDS). A contrapartida estadual, inicialmente estimada em R$ 700 milhões, fora reduzida para cerca de R$ 150 milhões. Em setembro, no entanto, a governadora Raquel Lyra afirmou que pretende antecipar junto ao governo federal o montante de R$ 1 bi para investimento no modal.