Todas as 37 estações do Metrô do Recife estão fechadas nesta segunda (3); categoria fará caminhada contra o sucateamento e a privatização do sistema
por Cynara Maíra
Publicado em 03/11/2025, às 07h57 - Atualizado às 08h25
Greve Iniciada: A greve por tempo indeterminado dos metroviários começou nesta segunda-feira (3), fechando todas as 37 estações do Metrô do Recife.
Ato no Centro: Categoria realiza ato com concentração às 10h na Estação Recife, seguido de caminhada até o Monumento Tortura Nunca Mais.
Motivos: Os trabalhadores protestam contra o sucateamento do sistema, a privatização e cobram mais segurança, citando o incêndio em um trem no dia 25 de outubro.
Impacto: Cerca de 170 mil passageiros são afetados; linhas de ônibus emergenciais foram ativadas.
Impasse: Metroviários cobram promessa de Lula contra a privatização, enquanto o Governo Federal avança no plano de concessão com o Governo de PE.
Resposta: A CBTU afirmou que tomará "medidas legais" para encerrar a greve.
O Metrô do Recife amanheceu com todas as suas 37 estações fechadas nesta segunda-feira (03) após o início da greve por tempo indeterminado dos metroviários.
Para marcar o primeiro dia da paralisação, o Sindicato dos Metroviários de Pernambuco (Sindmetro-PE) convocou os trabalhadores para uma concentração na Estação Recife, no Centro, a partir das 10h.
Do local, a categoria sairá em caminhada com apitaço até o Monumento Tortura Nunca Mais, na Rua da Aurora. O ato protesta "pela segurança dos Usuários do Metrô e contra o sucateamento e a venda" do sistema.
Os funcionários do metrô Recife deflagraram greve na última quinta-feira (30), com início a partir da meia noite do dia 02 de novembro.
A mudança afeta cerca de 170 mil passageiros que dependem do modal diariamente.
Para evitar maiores prejuízos, o Grande Recife Consórcio (CTM) ativou três linhas de ônibus emergenciais e reforçou a frota de outras 15 linhas para tentar mitigar o impacto da paralisação.
A Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) informou que "tomará todas as medidas legais cabíveis" para encerrar a greve. Uma nova assembleia da categoria para discutir a continuidade do movimento ocorrerá na quarta-feira (5).
A principal reivindicação da categoria é a liberação imediata de recursos federais para a manutenção e modernização da frota, além da suspensão do processo de privatização do sistema.
Os metroviários cobram o cumprimento da promessa de campanha do presidente Lula de que o metrô não seria privatizado.
A paralisação ocorre menos de dez dias após um incêndio atingir um trem da Linha Centro, no dia 25 de outubro. O incidente, que não deixou feridos, levou à interdição do ramal Camaragibe por uma semana. O Sindmetro cita que o caso é o "reflexo direto da negligência com o transporte sobre trilhos".
O grupo reclama que o sistema opera com frota reduzida e falhas constantes. Um relatório do TCU de 2024 classificou o serviço como de "baixíssima qualidade", apontando que a receita cobre apenas um quinto dos custos.
O Sindmetro-PE afirma que o sucateamento é uma "decisão política" para justificar a privatização.
O Governo Federal, no entanto, avança no plano de repassar o metrô à gestão estadual para que ocorra uma concessão privada, prevista para 2026. O BNDES prevê um investimento de R$ 3,4 bilhões para a requalificação do sistema através da concessão.