Greve do Metrô do Recife agora: presidente do Sindmetro é preso pela PM durante ato

Luiz Soares foi preso pela PM uma hora antes de ato dos metroviários sobre o Metrô do Recife; sindicato fala em "abuso e autoritarismo"

Cynara Maíra

por Cynara Maíra

Publicado em 03/11/2025, às 09h53 - Atualizado às 10h22

Luiz Soares no meio de uma roda com vários policiais militares
Luiz Soares foi preso pouco antes de início de ato dos metroviários - Divulgação

Prisão: O presidente do Sindmetro-PE, Luiz Soares, foi preso pela PM na manhã desta segunda (3) no Centro de Manutenção de Cavaleiro.

Greve: A prisão ocorreu no primeiro dia da greve por tempo indeterminado dos metroviários, que fechou as 37 estações do Metrô do Recife.

Reação: O Sindicato classificou a prisão como um "ato de abuso e autoritarismo" e "ataque ao direito de greve".

Motivos da Greve: A categoria protesta contra o sucateamento do sistema, a privatização, e cobra investimentos federais, citando o recente incêndio em um trem.

Impacto: Cerca de 170 mil passageiros são afetados; linhas de ônibus emergenciais foram ativadas.

Resposta: A CBTU informou que buscará medidas legais contra a greve. O Jamildo.com aguarda retorno da PM sobre a prisão.

O presidente do Sindicato dos Metroviários de Pernambuco (Sindmetro-PE), Luiz Soares, foi preso pela Polícia Militar na manhã desta segunda-feira (03), durante o primeiro dia da greve da categoria sobre a situação do Metrô do Recife.

A prisão ocorreu no Centro de Manutenção de Cavaleiro (CMC), em Jaboatão dos Guararapes, por volta das 9h.

Vídeos gravados no local mostram Luiz Soares dialogando com policiais militares antes de ser conduzido a uma viatura. Em nota, o Sindmetro-PE classificou a prisão como um "ato de abuso e autoritarismo" e um "ataque direto à liberdade sindical e ao direito constitucional de greve".

A greve, iniciada à meia-noite de hoje, fechou todas as 37 estações do Metrô do Recife. A prisão de Soares ocorreu uma hora antes da principal manifestação do dia, marcada para as 10h na Estação Recife.

Com o início da greve, a governadora Raquel Lyra afirmou que busca com o Governo Federal antecipar recursos para melhorar o Metrô do Recife.

Prisão e Reação do Sindicato

Segundo o Sindmetro-PE, Luiz Soares, que também preside a Federação Nacional dos Metroferroviários (Fenametro), "cumpria seu papel legítimo de liderança sindical, dialogando com os trabalhadores" quando foi preso.

Em um dos vídeos, Soares é ouvido explicando aos policiais: "Eu sou presidente do sindicato. Também sou funcionário daqui da categoria [...] tô aqui e tô dialogando". Veja o vídeo do momento: 

Logo após a detenção, outros membros do sindicato gravaram uma mensagem aos grevistas, denunciando o que chamaram de "atitude truculenta da PM" e reafirmando a continuidade do movimento.

"A greve continua, forte, e contamos com o apoio de todos vocês", disse um dos diretores. Manifestantes no local acusaram o Governo do Estado de reprimir o movimento.

O Jamildo.com procurou a Polícia Militar de Pernambuco para entender as circunstâncias da prisão. Em nota, a PM-PE afirmou que foi acionada para garantir a passagem dos trabalhadores que não aderiram à greve e que queriam entrar no Centro de Manutenção da CBTU e que Luiz Soares teria sido conduzido à viatura, mas foi liberado após nenhum funcionário manifestar interesse em representar o ocorrido junto à autoridade policial.

"A Corporação ressalta que as tratativas da ocorrência seguem relacionadas ao possível desbloqueio e à garantia de acesso aos locais de trabalho aos funcionários que desejem não aderir ao movimento grevista e continuar exercendo suas funções", conclui a nota. 

Greve no Metrô do Recife por tempo indeterminado

Os metroviários aprovaram na última quinta-feira (30) a paralisação das atividades do Metrô do Recife por tempo indeterminado. O motivo seria o que a categoria chama de "abandono" e "sucateamento" do sistema.

O estopim para a greve foi um incêndio em um trem da Linha Centro, no dia 25 de outubro, que colocou passageiros e funcionários em risco e interditou o ramal Camaragibe por uma semana.

Os metroviários cobram a liberação imediata de recursos federais para manutenção e a suspensão do processo de privatização do metrô. A categoria alega que o sucateamento é uma "decisão política" para justificar a concessão à iniciativa privada, plano que avança no BNDES e é defendido pelo Governo do Estado.

A greve afeta cerca de 170 mil passageiros. Para diminuir o impacto, o Grande Recife Consórcio ativou três linhas de ônibus emergenciais, enquanto a CBTU informou que "tomará todas as medidas legais cabíveis" para encerrar a greve. Uma nova assembleia dos metroviários está marcada para a quarta-feira (5).