Cynara Maíra | Publicado em 31/10/2025, às 10h31 - Atualizado às 11h06
A governadora Raquel Lyra (PSD) afirmou que o combate ao crime organizado em Pernambuco é feito com estratégia e parcerias, e que, embora a disputa territorial avance, "a vida deles não é fácil aqui no estado".
A declaração ocorreu na quinta-feira (30), após a repercussão da megaoperação policial no Rio de Janeiro e o avanço de facções nacionais. Raquel também falou nesta sexta-feira (31) sobre a importância da PEC da Segurança, mas com a manutenção da autonomia entre as polícias estaduais.
A fala ocorre em um momento de alerta sobre a presença do Comando Vermelho (CV) no estado e na região Nordeste. Nesta sexta-feira (31) uma ação integrada das polícias de Pernambuco e do Ceará prendeu Wendel Martins Vieira, conhecido como "Mac", em Exu, no Sertão.
Apontado como um dos chefes do CV em Fortaleza, ele coordenava ações criminosas e tinha mandados por homicídio e tráfico.
Segundo uma reportagem produzida pelo Diário de Pernambuco, pichações com a sigla "CV" tem se espalhado por vários espaços da Região Metropolitana do Recife, em locais em que tem ocorrido disputas de território entre facções rivais.
Após a produção do Diário, a Secretaria de Defesa Social (SDS) afirmou que "não há registros de domínio de facções nacionais no Estado".
A pasta classifica os conflitos, como os do Alto José do Pinho, como "disputas locais entre grupos de traficantes" que adquirem entorpecentes de fornecedores ligados a facções do Sudeste e Centro-Oeste. A SDS também informou que reforçou o policiamento nas áreas de conflito e que mantém presos de facções nacionais isolados no sistema prisional.
Ao defender as ações em Pernambuco, Raquel Lyra destacou o investimento de R$ 2,3 bilhões através do programa Juntos pela Segurança.
“A questão da segurança não se faz com discurso. Nós fazemos unindo o governo federal e, sobretudo, no território, o Ministério Público, Defensoria, Poder Judiciário e todas as nossas forças operacionais”, ressaltou.
A governadora mencionou que o estado "bate recorde" de operações da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO), uma estrutura do Ministério da Justiça que une polícias federais e estaduais.
Segundo dados do Ministério Público, 11 operações contra o crime organizado já ocorreram em Pernambuco este ano. “Isso faz parte de uma estratégia de combate à criminalidade e a gente não pode estar enxugando gelo. Não é uma luta fácil”, reconheceu a governadora.
Apesar dos investimentos, dados oficiais do primeiro semestre de 2025 mostraram que, embora ocorrera uma queda de 11,8% nos homicídios e outros indicadores de violência, o número de mulheres assassinadas dobrou no primeiro quadrimestre do ano.
A megaoperação no Rio de Janeiro, que resultou em ao menos 121 mortos (incluindo 4 policiais), revelou a presença de criminosos de outros estados, incluindo três de Pernambuco entre os 113 presos identificados.
A polícia do Rio afirma que facções de fora buscam abrigo nos complexos cariocas e ajudam na defesa dos territórios.
Durante entrevista para Rádio Jornal nesta sexta-feira, Raquel Lyra defendeu a aprovação da PEC da Segurança Pública, que tramita no Congresso, como forma de criar uma "estratégia nacional" contra o crime organizado, mas rechaçou qualquer mudança na autonomia estadual sobre as polícias.
“É importante que a gente tenha uma linha de financiamento permanente. A PEC precisa ser constitucionalizada, agora não briguem conosco sobre as competências da nossa polícia militar e civil, porque elas são nossas, é sobre nosso comando que estão cada uma delas”, afirmou a governadora à Rádio Jornal.
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